Expoentes do Vale do Silício, incluindo a Amazon e Microsoft, lucraram milhões de dólares com a política anti-imigração instaurada por Donald Trump, informou um relatório divulgado pelo jornal britânico The Guardian.

As companhias forneceram ferramentas tecnológicas usadas na vigilância, detenção e deportação de pessoas. O levantamento de grupos de direitos dos imigrantes detalhou como a estrutura era organizada pela Immigration and Customs Enforcement (ICE), o órgão de imigração e alfândega dos Estados Unidos.

“Durante esse período de contínuos ataques abusivos da ICE e do Departamento de Segurança Interna [DHS, na sigla em inglês], ficamos frustrados, assustados e chocados com o nível de sigilo em torno de quantos desses contratos de tecnologia são adquiridos”, disse Jacinta Gonzalez, organizador com Mijente, um dos grupos sem fins lucrativos por trás do relatório. “Essas tecnologias estão sendo usadas em tempo real e muitas empresas estão lucrando”.

Desde o ano passado, as empresas de tecnologia sofrem críticas por cooperarem através de suas plataformas e serviços com as ações dos Estados Unidos. “Os trabalhadores dentro dessas empresas precisam ver as consequências do que estão fazendo”, afirma Gonzalez.

A Amazon é a empresa com maior autorização para manter dados do governo na nuvem, informou o relatório. As responsabilidades incluem o suporte ao armazenamento de dados do DHS para sistemas de gerenciamento de casos de imigração e dados biométricos para mais de 200 milhões de identidades.

O DHS também tem acordos para o compartilhamento de informações biométricas com o governo mexicano, através de um aplicativo baseado em nuvem que tem parcerias com a AWS e o Microsoft Azure.

Esse relacionamento provocou uma reação interna dos funcionários da Microsoft no início deste ano, levando seu CEO, Satya Nadella, a tentar minimizar a importância do relacionamento da sua empresa com o governo norte-americano.

A Microsoft também tem um contrato do DHS, que inclui serviços de migração em sistema de nuvem até 2020, segundo o relatório.