Um dos alvos da Operação Pedra no Caminho, deflagrada na manhã desta quinta-feira, 21, pela força tarefa da Lava Jato em São Paulo, o diretor da Cesp Laurence Casagrande Lourenço ocupou, entre 2007 e 2010, o cargo de diretor da Kroll, uma agência de investigação que ficou conhecida no Brasil durante a CPI dos Grampos por supostamente ter praticado espionagens através de escutas ilegais.

Ligado a Saulo de Castro, secretário da Casa Civil e homem forte do ex-governador e pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, Geraldo Alckmin, Casagrande Lourenço chegou ao governo de São Paulo em 2011, para ocupar presidência da Dersa.

Na ocasião, os tucanos queriam imprimir uma imagem de maior controle e transparência sobre a pasta, que foi alvo de denúncias durante a eleição anterior depois que o seu ex-diretor, Paulo Vieira de Souza, mais conhecido como Paulo Preto, foi acusado por suposto desvio de recursos da campanha de José Serra. Uma de suas tarefas seria ajudar a revisão de contratos e licitações da pasta.

“A Kroll deu ao Laurence experiência na iniciativa privada, superfaturamento de contratos etc”, disse Saulo na ocasião do anúncio de Casagrande Lourenço.

Na Dersa, o executivo coordenou a duplicação do trecho Planalto da Rodovia dos Tamoios, a implantação do Complexo Viário Polo Itaquera e as obras da Nova Tamoios Contornos e Rodoanel Norte.

Nesta última obra, segundo o próprio site do governo do Estado, liderou as negociações que culminaram na celebração do contrato de empréstimo de US$ 1.150 milhões junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Em maio de 2017, Casagrande Lourenço acumulou também o cargo de secretário de Logística e Transportes. Desde maio, com a saída de Alckmin e a chegada de Marcio França (PSB) ao governo, foi deslocado para a Cesp.

Casagrande Lourenço está na sede da PF em São Paulo, onde ocorre uma coletiva de imprensa para falar sobre a operação Pedra no Caminho.

Defesas

Em 2016, após a abertura do inquérito, a Dersa negou “qualquer favorecimento às construtoras”. “A gente solicitou uma série de avaliações ao IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) nesse sentido. Identificada alguma discrepância, ela vai ser corrigida”, afirmou na ocasião o então presidente da empresa, Laurence Casagrande.

A empresa de manifestou sobre as investigações. “A Dersa – Desenvolvimento Rodoviário S/A e o Governo de São Paulo são os maiores interessados acerca do andamento do processo. Havendo qualquer eventual prejuízo ao erário público, o Estado adotará as medidas cabíveis, como já agiu em outras ocasiões”, disse, em nota.

A reportagem está tentando contato com os citados. O espaço está aberto para suas manifestações.