A guerra comercial entre Estados Unidos e China, aliada à redução da demanda na Europa e à produção contínua dos produtores, afetou o setor de papel e celulose em 2019. O aumento significativo dos estoques nos principais portos na Ásia e no Velho Continente deteriorou o preço, que atingiu os menores níveis desde os anos 2008 e 2009 (cerca de US$ 460 por tonelada), marcados pela crise financeira mundial. A produção nacional caiu 6,6%, para 19,6 milhões de toneladas, segundo dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), que reúne fabricantes de celulose, papel, painéis e pisos de madeira e florestas. Nada, porém, que diminuísse o fôlego da Celulose Nipo-Brasileira (Cenibra), empresa situada na mineira Belo Oriente e que, com investimento de R$ 552 milhões nos negócios durante o período, alcançou recorde de 1,2 milhão de toneladas de celulose branqueada de fibra curta de eucalipto. A companhia possui área própria de 253,6 mil hectares, sendo 131 mil para o plantio, além de 106 mil mantidos com vegetação da Mata Atlântica.

Com 95% da produção voltada aos mercados asiático (principalmente China e Japão), europeu e americano, a companhia controlada pela Japan Brazil Paper and Pulp Resources Development Co. (JBP) produziu 16 mil toneladas acima do previsto, apesar das dificuldades enfrentadas no ano, como o aumento dos estoques e a queda nos preços. “Em 2020, esperamos novamente bons números”, afirmou o economista japonês Kazuhiko Kamada, presidente da empresa.

O montante investido pela Cenibra no ano passado foi direcionado à formação de florestas (silvicultura) e equipamentos para o processo da colheita florestal, além de outras iniciativas. Neste ano, a empresa tem a perspectiva de implantar medidas que aumentem a competitividade, alinhadas à proteção do meio ambiente. “A modernização de nossas linhas da produção e o aumento da capacidade produtiva (atualmente no limite de 1,2 milhão de toneladas) estão entre os projetos”, disse o executivo.

Kazuhiko Kamada Empresa: CenibraCargo: presidente Principal realização da gestão: Modernizar as linhas da produção e aumentar a capacidade produtiva para o recorde de 1,2 milhão de toneladas de celulose.

A demanda mundial por celulose de eucalipto cresceu 2,9% em 2019, comparada ao ano anterior. Até 2022, segundo a Pulp and Paper Products Council (entidade que reúne informações de produtores de papel e celulose pelo planeta), a procura aumentará 2,5%, enquanto a oferta terá alta de 2,7%.

Os investimentos visam ampliar as vendas e, consequentemente, a receita líquida da empresa em 2020, após queda de 14% em 2019, para R$ 2,6 bilhões, na comparação com o período anterior (R$ 3 bilhões). O lucro líquido caiu 27,8%, para R$ 553 milhões. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda ajustado) ficou em R$ 1,1 bilhão, valor 29,7% inferior ao R$ 1,6 bilhão de 2018. Já o caixa acumulava R$ 944 milhões no fim do ano passado, alta de 36,4% em relação ao valor verificado ao término do ano anterior, resultado do efeito da variação cambial (valorização do dólar) e endividamento zero da empresa.

“As empresas, cada vez mais, deverão priorizar iniciativas sustentáveis alinhadas à preservacão ambiental e prosperidade social, a chamada sustentabilidade corporativa” Kazuhiko Kamada, presidente da Cenibra.

Apesar de a pandemia do coronavírus ter afetado economicamente diversos setores, Kamada afirmou que houve crescimento do consumo de celulose na quarentena, especificamente na cadeia produtiva de papéis sanitários e de outros produtos relacionados a higiene e saúde, o tissue – estima-se crescimento de 4,5% na categoria no ano, contra 3,3% registrados em 2019. “O ano ainda não terminou e os números de vendas apontam para a normalidade.”

A produção fabril foi mantida durante a pandemia. Os quase 8 mil funcionários (4.604 diretos e 3.252 indiretos) tiveram a rotina acompanhada de perto pela equipe médica da empresa e, de acordo com o presidente, foram poucos os casos de contaminação entre os colaboradores. Kamada afirmou ainda que a Cenibra tem atuado para manter todos os postos de trabalho.

Para o economista, a Covid-19 tirou a todos da zona de conforto, com mudanças na forma de trabalhar, conviver, consumir e se relacionar. Além disso, esta tendência traz à tona, para o setor de base florestal, debates como a questão climática e a responsabilidade social. “As empresas, cada vez mais, deverão priorizar iniciativas sustentáveis alinhadas à preservação ambiental e a prosperidade social, a chamada sustentabilidade corporativa”, disse.

As melhores

1. CENIBRA 449,43 PONTOS

2. KLABIN 398,23 PONTOS

3. SUZANO 393,00 PONTOS