Um alto funcionário do regime chinês se uniu nesta terça-feira aos pedidos de “reforma” da justiça de Hong Kong, o que sugere que Pequim deseja reforçar o controle sobre um sistema judicial teoricamente independente.

Hong Kong forjou sua prosperidade graças a seu acervo de leis, herdado da coroa britânica e amplamente reconhecido internacionalmente por sua transparência.

Um sistema que contrasta com a justiça opaca e muito politizada da China continental.

A ex-colônia britânica foi cenário em 2019 de uma ampla mobilização para pedir reformas democráticas. Pequim respondeu com uma grande repressão a qualquer forma de dissidência e um forte controle da cidade.

Milhares de pessoas foram detidas no último ano. Mas dezenas de absolvições anunciadas recentemente pelos magistrados, em alguns casos acompanhadas de críticas sobre o comportamento das forças de segurança, provocaram uma atitude defensiva no campo pró-Pequim.

Nesta terça-feira, um alto representante do governo chinês afirmou que chegou o momento de revisar o funcionamento do sistema judicial em Hong Kong.

“Mesmo nos países ocidentais, os sistemas judiciais devem ser atualizados e reformados constantemente”, afirmou o subdiretor da Agência de Assuntos de Hong Kong e Macau do regime comunista, Zhang Xiaoming, por ocasião do 30º aniversário da Lei Fundamental (“Basic Law”) que serve de mini Constituição à região semiautônoma.

“Isto não muda a independência da justiça”, completou.

Zhang não detalhou as reformas que deveriam ser adotada pela justiça de Hong Kong, mas citou o nome de Henry Litton, um juiz aposentado que escreveu nos últimos meses vários artigos com críticas ao funcionamento da justiça local.