A inflação de serviços – usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços – passou de uma elevação de 0,60% em janeiro para uma alta de 1,41% em fevereiro, maior resultado da série histórica iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Os preços de itens monitorados pelo governo saíram de uma elevação de 0,72% em janeiro para 0,85% em fevereiro.

No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços foi de 7,84% em fevereiro. Já a inflação de monitorados em 12 meses ficou em -2,09% em fevereiro.

Segundo Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, a alta recorde na inflação de serviços em fevereiro a “está fortemente relacionada aos cursos regulares”, mas também é resultado de pressão dos avanços em aluguel residencial e transporte por aplicativo, além de outros subitens que permanecem com aumentos, como pacotes turísticos.

“A gente tem observado na verdade uma queda subsequente na taxa de desocupação, que continua, aumento de rendimento real, e isso pode significar uma maior demanda pelo setor de serviços, que foi o setor mais prejudicado pela pandemia”, justificou Kislanov.

O pesquisador pondera que, embora a melhora no mercado de trabalho esteja sustentando a demanda por serviços, não há aceleração no ritmo e aumento de preços. Segundo ele, a inflação de serviços acumulada em 12 meses teve um pico recente em julho de 2022, quando alcançou 8,87%, engatando então uma trajetória de arrefecimento, passando de 7,80% em janeiro para 7,84% em fevereiro. No mês de fevereiro de 2022, a inflação de serviços foi de 1,36%.

“Penso que (a alta de serviços em fevereiro de 2023) tem muito mais a ver com fatores localizados, fatores pontuais”, opinou Kislanov, para quem a trajetória da inflação de serviços em 12 meses não mostra pressão maior de demanda no momento.

Para o pesquisador, a alta nos preços de serviços embute uma inflação de custos também.

“A gente não pode só olhar a demanda isoladamente, tem que olhar também a questão do custo”, afirmou Kislanov. “Apesar de estar rodando acima do IPCA, (a inflação de serviços) também está desacelerando.”