O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale, afirmou nesta quarta-feira, 6, que o mercado de veículos novos em 2018 deve ter crescimento superior ao esperado para 2017. Segundo ele, as vendas este ano devem ter alta em torno de 9%, um pouco acima da projeção oficial da associação, de 7,3%, e que, no ano que vem, o aumento deverá ser de dois dígitos. A estimativa oficial para 2018 só deve ser divulgada no início de janeiro.

Ele ponderou, no entanto, que não é fácil realizar estimativas para o ano que vem em razão da instabilidade política. Ainda assim, espera uma economia mais robusta em 2018, principalmente se a reforma da Previdência for aprovada.

“Vai trazer um nível de confiança pro investidor muito maior”, disse o executivo. “Mas vivemos instabilidade política grande este ano e a economia dá sinais de descolamento da política”, acrescentou.

Eleição

Sobre a eleição, Megale admitiu que o pleito será “muito disputado”, mas acredita que o processo será institucionalmente tranquilo e democrático. “E dessa forma há menos interferência na economia”, disse.

Financiamento

O presidente da Anfavea também comentou a liberação de crédito para financiamento de veículos e disse que a redução está chegando ao consumidor final. “Porém, mais lentamente do que gostaríamos, há espaço para cair mais”, disse o executivo, que disse entender que os bancos são cautelosos e que o comprador não quer se endividar muito.

Rota 2030

Megale afirmou que espera que o governo publique ainda neste mês de dezembro o marco legal da nova política industrial para o setor automotivo, que foi batizada de Rota 2030 e vai substituir o Inovar-Auto, que expira em 31 de dezembro de 2017.

Ele explicou, no entanto, que o marco legal não vai trazer detalhes de como a nova política vai funcionar, mas será um documento que vai garantir que o programa será criado e quais serão as suas bases. “É bom lembrar que o Rota 2030 começa agora, mas não termina agora”, disse o executivo, em coletiva à imprensa.

Megale garantiu também que o Rota 2030 não terá as exigências às montadoras que estão no Inovar-Auto e foram condenadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC), que são a existência de um processo produtivo básico no Brasil e a compra de peças de fornecedores locais, medidas que não podiam ser cumpridas pelos importadores e, por isso, tinham de pagar mais impostos.

“Teremos um sistema de habilitação que poderá ser cumprido por veículos nacionais e importados. Nada do que entrar no Rota 2030 estará em desacordo com o que a OMC está colocando”, afirmou.

OMC

Apesar disso, Megale aproveitou a coletiva para criticar a condenação da OMC, ao ressaltar que organização reprovou exigências que privilegiavam a produção nacional. “Estamos condenados por ter apoiado a indústria automotiva nacional, por gerar emprego e renda para os brasileiros”, afirmou.

O presidente da Anfavea também voltou a comentar o acordo comercial com a Colômbia. As negociações se arrastam desde 2016, mas, segundo Megale, tudo indica que o acerto será concluído ainda neste mês de dezembro.