A primeira gota de petróleo nacional da Chevron/Texaco deve sair do mar no primeiro trimestre de 2001, quando começa a perfuração de um dos blocos da Bacia de Campos. Este é apenas um dos movimentos no País da gigante mundial do petróleo que nasceu na semana passada depois que a Chevron desembolsou US$ 45,4 bilhões para levar ações e dívidas da Texaco. No Brasil, a união das petroleiras cria a segunda maior companhia no segmento de upstream (atividade que vai da exploração à produção de óleo e gás), com concessões em 11 blocos. Mais: dá origem a uma potência no setor de lubrificantes e a uma forte representante do varejo de combustíveis. Os executivos locais, no entanto, preferem a cautela. ?Teremos uma sinergia grande na área de exploração, pois ambas as empresas detêm tecnologia de ponta em águas profundas?, diz Jaime Plentz, vice-presidente de operações da Texaco do Brasil. ?Nas outras atividades, como lubrificantes e varejo, ainda é cedo para avaliar o efeito das mudanças.?

 

Apesar da calmaria aparente, as duas empresas vão preparando silenciosamente estratégias de ataque em todos os campos. Para os analistas de mercado, a Chevron/Texaco terá, por exemplo, combustível extra para a aquisição de novos blocos de exploração, nas próximas licitações que a Agência Nacional de Petróleo deverá promover no ano que vem. ?E a estratégia de aquisição dos blocos pode acabar influenciando a expansão da rede de varejo?, diz Carlos Eduardo Domingues, da Expetro ? consultoria internacional especializada em petróleo e gás. Segundo ele, novos postos deverão ser instalados em áreas próximas aos poços produtores do grupo. ?É uma tendência mundial e gera uma economia considerável na logística.? Hoje, os 3 mil postos de bandeira Texaco estão concentrados nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sul do País. A intenção seria explorar com força a região Sudeste. Novamente o diretor Plentz revela cautela. ?Depende muito do comportamento do mercado e da atuação dos aventureiros.?

A Chevron tem uma fábrica de aditivos para lubrificantes em São Paulo e a Texaco é uma das líderes do setor com 21,8% do mercado nacional. ?Neste campo, estamos estudando o desenvolvimento de novas tecnologias, que tornariam nossos produtos mais competitivos?, revela Plentz. Quanto à anunciada guilhotina, que deve eliminar quatro mil dos 57 mil postos de trabalho no mundo, o executivo diz que o Brasil será poupado. ?Temos cerca de 1,2 mil empregados e não acredito que haverá demissão. Pelo contrário. No setor de upstream teremos de contratar, pois é uma área em franca expansão.?