As áreas metropolitanas das capitais do eixo Sul-Sudeste são alvos mais do que naturais da cobiça de empresas de diversos setores. Afinal, essas regiões concentram cerca da metade do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e milhões de pessoas ávidas por adquirir toda sorte de produtos e serviços. Obviamente, essa lógica também vale para o setor da construção civil. Nesse segmento, porém, há corporações que querem distância das capitais. Uma delas é a Rodobens Negócios Imobiliários, cuja sede fica em São José do Rio Preto (SP). 

 

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Linha de montagem: sob o comando de Gorayeb, presidente, a Rodobens criou um sistema que permite erguer uma casa em apenas 28 dias 

 

Em 2006, a direção da companhia montou um agressivo plano de crescimento focado nos municípios do interior com mais de 150 mil habitantes. Agora, a companhia colhe os resultados dessa iniciativa. Deverá fechar 2010 com receita de R$ 1,2 bilhão, baseada no Valor Geral de Vendas (VGV), número que representa um avanço de 50% em relação ao ano passado. 

 

O bom desempenho se deve à criação de um modelo de negócios desenhado sob medida para os moradores dessas regiões. Como em sua maioria eles preferem casas a apartamentos, a Rodobens começou a investir em megacondomínios de casas. 

 

São estruturas dotadas de paisagismo, equipamentos de lazer (piscina e quadras esportivas) e segurança. Além disso, os clientes podem personalizar a fachada do imóvel, mimos até então só vistos em empreendimentos de alto padrão, como os residenciais com a marca Alphaville. 

 

Detalhe: os imóveis da Rodobens custam a partir de R$ 60 mil, o que atrai especialmente os clientes da classe C. “Criamos um novo estilo de morar desenhado sob medida para a nova classe média brasileira”, diz Eduardo Gorayeb, diretor-presidente da Rodobens Negócios Imobiliários. 

 

Um desses megacondomínios está sendo erguido em Palhoça (SC). Serão cerca de oito mil unidades habitacionais (entre casas e apartamentos), em uma área de 2,5 milhões de metros quadrados, distribuídas em dois tipos de empreendimento: Moradas Palhoça e Terra Nova Palhoça.

 

O bairro planejado contará com campus da Universidade Estadual de Santa Catarina, posto de saúde e agência bancária. O projeto deverá gerar VGV estimado em R$ 1 bilhão. Antes de se lançar nesse tipo de empreitada, Gorayeb fez inúmeras pesquisas.  Visitou o México e a Venezuela para conhecer experiências semelhantes. Também estudou sistemas construtivos adotados no pós-guerra, especialmente na Alemanha.  A partir daí, investiu R$ 22 milhões no desenvolvimento de uma tecnologia que garante rapidez e necessita de mão de obra em pouca quantidade e sem especialização. Uma casa da Rodobens pode ser erguida em apenas 28 dias por cerca de seis operários. 

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No modelo convencional, são necessários 90 dias e pelo menos 15 trabalhadores. Além disso, a obra não gera um resíduo sequer. Isso é possível graças à utilização de paredes pré-moldadas de concreto em formas de alumínio e de plástico reciclado. Elas possuem em seu interior os encanamentos de água e de luz e as paredes já saem dos moldes prontas para ser pintadas. A estrutura do telhado é metálica, o que facilita a colocação de telhas. 

 

Tudo isso garante uma economia final de até 7% no preço do imóvel. “O custo de mão de obra é um dos elementos que exercem a maior pressão sobre a rentabilidade do setor”, destaca Eduardo Silveira, analista de construção civil da Fator Corretora.

 

Segundo ele, companhias como a Rodobens, que optaram por sistemas de edificação que levam em conta escala produtiva e padronização, possuem vantagem sobre as demais. “O retorno sobre o capital investido é maior, pois ele é gerado em um ciclo mais curto”, diz Silveira. 

 

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Esse diferencial permitiu que Gorayeb ampliasse nesse ano os horizontes da Rodobens em direção aos Estados do Maranhão, Pará e Amazonas. No total, a empresa opera em 58 cidades de 12 Estados. 

 

Mas qual o risco de esse modelo perder o fôlego por causa, por exemplo, da limitação de renda da classe média? De acordo com Gorayeb, nenhum. “Apenas para dar conta do déficit habitacional, seria necessário entregar dois milhões de imóveis por ano, até 2020”, conclui.