Fundos de ações

Assim como os atletas se alongam antes dos exercícios para evitar lesões e apresentar um desempenho melhor, os gestores de fundos privilegiaram, nos 12 últimos meses, alternativas de investimento mais longas. Isso significa esticar o tempo de avaliação das empresas candidatas a entrarem em seus portfólios. A prática ganhou ainda mais relevância neste ano. Em 2018, todo o cuidado será pouco. Com investidores famintos há maior probabilidade de os ativos ficarem caros demais. “Estamos operando em um cenário de ampla liquidez global e maior propensão à tomada de riscos”, diz Fernando Queiroz, gerente de recursos de terceiros do Banrisul. Ele é o gestor do Banrisul Ações, que liderou na rentabilidade e na relação entre risco e retorno da categoria Dedicados em 2017 (veja os quadros). A estratégia cautelosa deve continuar em 2018, devido às incertezas do momento eleitoral.

Queiroz privilegiou empresas com preços baixos, fundamentos firmes e boas perspectivas futuras. Um exemplo é a Unipar Carbocloro, que atua no segmento de cloro-soda e derivados, e tem a Braskem como principal concorrente. A Unipar rendeu 291% no ano e puxou a alta da sua carteira. Por ser uma ótima pagadora de proventos, a companhia também brilhou no portfólio de Leonardo Boguszewski, da empresa paranaense J. Malucelli. Ele foi o gestor do fundo de ações da categoria Dividendos com maior rentabilidade no ano, o J. Malucelli Marlim, que rendeu 25,3%. “Outro destaque foi a fabricante de linha branca Whirlpool Brasil, uma das maiores pagadoras de dividendos hoje”, diz.

Frederico Von Tobel, gestor do fundo de ações da categoria Livre Vokin GBV Aconcágua, também se debruça nos balanços antes de tomar uma decisão. Ele segue a filosofia do megainvestidor americano Warren Buffett, e privilegia a avaliação detalhada da operação em detrimento do setor e dos movimentos do mercado. “Olhamos aspectos como governança e histórico, além de perspectivas de curto, médio e longo prazos”, diz. Essa ponderação é feita em diversas fases por seis pessoas. O resultado é a compra de ações de empresas sólidas e que apresentam perspectivas positivas de geração de caixa. “A ideia é mantê-las no portfólio por um longo período”, diz.

A tática de André Gordon, da gestora independente GTI, é diferente. Gestor do fundo GTI Dimona Brasil, da categoria Valor e Crescimento, ele dá preferência à análise econômica e política no processo de escolha das ações. “Partimos das variáveis macroeconômicas para determinar quais setores tendem a apresentar um bom desempenho”, diz. Neste ano, em meio à queda de juros, o varejo teve destaque. “O papel da Guararapes, administradora da rede de lojas Riachuelo, deve continuar no portfólio durante 2018”, diz. Gordon ressalta a preferência por empresas de pequeno porte que prestam serviços. Ele destaca o desempenho da Locamerica, especializada no aluguel de frotas de veículos, cujas ações subiram 162,5% no ano. “Estamos nos preparando para enfrentar uma dificuldade maior na previsão por conta das eleições”, diz. Na avaliação de Queiroz, o mercado de ações deve continuar promissor. “Esperamos um aumento gradual dos juros nas economias desenvolvidas, mas nada que prejudique o fluxo de recursos para os países emergentes”.

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