A alta dos preços de alimentos continua expressiva, mas a tendência para o mês é de desaceleração, avaliou o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Guilherme Moreira. A expectativa da Fipe é que o IPC avance 0,31% em abril, depois de 0,51% em março.

Na primeira quadrissemana de abril, quando o IPC arrefeceu de 0,51% para 0,47%, o grupo Alimentação já mostrou redução nas taxas (1,75% para 1,43%), mas Moreira destacou que os itens alimentícios figuraram entre as principais influências de alta.

A principal contribuição para a alta do IPC foi o tomate, com impacto de 0,10 ponto porcentual, mesmo coma a desaceleração de 40,74% para 34,81%. Na ponta (pesquisas mais recentes), o item já mostra avanço ainda menor, de 30%. A segunda maior influência para o aumento do IPC foi a gasolina, que teve elevação de 2,52% para 2,59% (0,06 ponto), porém, na ponta, já indica arrefecimento para 1,44%. Já a terceira maior contribuição foi de batata (24,28% para 14,26% – 0,04 ponto), que, nas pesquisas mais recentes, aponta queda de 8%.

“O que aconteceu nesse início do ano é que os (alimentos) in natura somaram uma variação muito alta, mas, com a normalização das chuvas, grande parte dessa pressão será devolvida nos próximos três meses. Mas, tirando isso, o resto dos preços está comportadíssimo”, disse Moreira, acrescentando que não considera que a gasolina seja um risco de alta para a inflação do ano. A Fipe estima 3,98% para o IPC do ano, mas Moreira adianta que, após o resultado fechado de abril, pode elevar a projeção para algo em torno de 4,10%. “Ainda é um quadro bem tranquilo.”

Para ilustrar seu ponto de vista de que os aumentos nesses alimentos devido ao clima desfavorável são passageiros e não devem prejudicar o quadro inflacionário do ano, Moreira citou que, enquanto os alimentos subiram 4,59% no primeiro trimestre, a alimentação fora do domicílio subiu apenas 1,38% no período. “Com a economia fraca, o empresário não consegue repassar preço.”

O IPC subiu 1,64% nos primeiros três meses do ano, mas os itens in natura avançaram 16,19% no mesmo período. Dentro do grupo, as verduras tiveram alta de 38,06%, os tubérculos, de 29,33% e os legumes, de 18,3%.

Só o feijão aumentou 100,61% no primeiro trimestre, mas o coordenador da Fipe estima que pelo menos metade desse avanço deve ser devolvido nos próximos três meses. Na primeira quadrissemana de abril, o grão subiu 1,26%, de 11,77% no fechamento de março. Na ponta, já indica queda de 2,00%.