Papéis avulsos

Impulsionadas pela inflação dos alimentos medida pelo IPCA, de 6,5% de janeiro a março, as vendas consolidadas do Grupo Carrefour Brasil cresceram 9,9% no primeiro trimestre de 2019, na comparação com igual período do ano passado, alcançando R$ 14,2 bilhões. No conceito “mesmas lojas”, que considera as unidades abertas há 12 meses, o avanço, de 7,2%, foi o maior dos últimos dois anos. A divisão de atacado é a principal responsável pelo resultado positivo. Ela registrou aumento de 13,6%, enquanto o varejo ficou praticamente estável, com um pequeno incremento de 0,2%. A empresa poderia ter registrado um crescimento ainda maior se não tivesse sofrido o impacto negativo do “efeito calendário”, com a Páscoa, que geralmente cai em março,. Aproveitando o embalo das vendas em alta, o Banco Carrefour viu seu faturamento saltar 23,4% no primeiro trimestre para R$ 7,1 bilhões. Já a carteira de crédito aumentou 33,2% para R$ 8,8 bilhões, com os cartões emitidos chegando à marca de 8,2 milhões.

 

Bens de capital

Dólar impulsiona exportações da Weg

Com aquisições no Brasil e no exterior para expandir seus negócios e uma maior diversificação das operações, com mais presença no setor de energia, a fabricante Weg reportou um crescimento de 7,7% no lucro líquido no primeiro trimestre de 2019, na comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando R$ 306,8 milhões. A receita com o mercado externo, que representa 57% do total de vendas da companhia, cresceu 18,1% em bases anuais, beneficiada pela variação cambial. As ações da Weg sobem 7,9% em 2019.

 

Touro x Urso

Os investidores vêm tentando encontrar um ponto de equilíbrio entre o otimismo com o avanço da reforma da Previdência na Câmara e as dificuldades do dia a dia do governo de Jair Bolsonaro. Após beirar os 100 mil pontos em meados de março, o Ibovespa não consegue escapar do intervalo entre os 93 a 95 mil pontos desde 10 de abril. Apesar disso, no acumulado do ano, o indicador na bolsa segue no azul com ganhos de 7,5% até quarta-feira 24.

 

Energia

São Pedro abençoa os resultados da EDP

Puxado pelo aumento na demanda dos capixabas, o volume de energia distribuída pela EDP Energias do Brasil cresceu 5,1% no primeiro trimestre de 2019. A unidade de São Paulo respondeu por 2,9% do incremento. Na do Espírito Santo, a evolução foi de 8,3%. Entre os fatores que explicam o aumento na distribuição de energia, a empresa cita as condições climáticas favoráveis, com altas temperaturas e pouca chuva, o maior número de dias médios faturados, e o aumento no número de clientes. A EDP aponta também a conjuntura econômica positiva, com crescimento do varejo. As ações da EDP sobem 24,5% no ano.

 

Destaque no pregão

Evasão escolar na Kroton

Ao final de março, 916 mil alunos ocupavam carteiras em sala de aula (ou em suas casas, no caso do ensino a distância) em instituições de ensino do grupo educacional Kroton. O número corresponde a uma queda de 4,4% na comparação com igual período em 2018, embora tenha crescido 12,4% ante o último trimestre do ano passado. A competição mais acirrada no setor, o nível de desemprego ainda alto, e a queda na oferta do FIES são citados por especialistas para justificar o recuo de alunos da Kroton em bases anuais. Do total de estudantes, 379,1 mil são de cursos presenciais, segmento que teve uma queda de 6,6%. Esse recuo foi influenciado pelo incremento de 4,2% nos formandos que deixaram as salas e também pelo recuo de captação do ProUni. As ações da Kroton sobem 9,6% em 2019.

Palavra do analista:
Os analistas da Guide avaliaram os números como ‘marginalmente negativos’ e enxergam um quadro desafiador para o setor no curto prazo. Além das incertezas relacionadas às alterações regulatórias, ruídos sobre investigações de desvios no MEC em governos anteriores podem manter os papéis pressionados, preveem os especialistas.

 

Varejo

Magazine Luiza quer que brasileiros leiam mais

O Magazine Luiza passou a apostar no crescimento do hábito de leitura dos brasileiros. No dia 23, quando se comemora o dia mundial do livro, a empresa lançou um catálogo com cerca de 240 mil títulos no seu e-commerce. A varejista está presente em 300 municípios brasileiros que não têm livrarias. “Apenas 50 milhões de brasileiros afirmaram ter comprado um livro nos últimos três meses. É um mercado em crescimento e vamos aproveitar esta oportunidade”, afirma Eduardo Galanternick, diretor-executivo de e-commerce do Magazine Luiza. A média de leitura do brasileiro é de 2,43 livros por ano, segundo dados da pesquisa Retratos da Leitura, de 2016, feita pelo instituto Pró Livro. No acumulado de 2019, as ações da varejista caem 4,2%.

 

 

Mercado em números

MINERVA
R$ 600 milhões – Foi o valor aprovado pelo conselho de administração para a empresa emitir em debêntures para alongar seu endividamento

HELBOR
R$ 171,5 milhões – Foram os lançamentos no primeiro trimestre da construtora, com crescimento de 93,5% na comparação com o mesmo período do ano passado

ROMI
R$ 87,3 milhões – Foi o lucro da empresa no primeiro trimestre, beneficiado pelo efeito positivo não recorrente de um processo judicial exitoso

FERBASA
R$ 2 milhões – É o quanto a companhia baiana vai distribuir em dividendos aos acionistas, o que corresponde a R$ 0,2426 por ação

ROSSI
5,0025% – É a participação que a acionista EWZ Investments passou a deter na incorporadora após adquirir 858,1 mil ações da empresa

 

O número da semana

16,1%

É a taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo em março, segundo a pesquisa Seade/Dieese. O desemprego cresceu 0,6 ponto percentual em relação aos 15,5% registrados em fevereiro. Com isso, o total de desempregados subiu para 1,772 milhão, avanço de 61 mil em relação ao mês anterior, enquanto o total de ocupados é estimado em 9,234 milhões. O desemprego aberto, que inclui as pessoas que procuraram trabalho inutilmente, subiu de 12,8% em fevereiro para 13,5% em março. Já o desemprego oculto, que inclui as pessoas que exercem atividades precárias ou desistiram de procurar emprego (os desalentados), recuou levemente de 2,7% em fevereiro para 2,6% em março. Por setores, houve a criação de 51 mil vagas na indústria, mas também o fechamento de 92 mil em serviços, em 17 mil vagas no comércio e 15 mil no setor de construção.

 

 

Entrevista da semana

“Com ou sem reforma da previdência, as ações em nossa carteira devem ter um bom desempenho”

Fabio Alperowitch, da Fama Investimentos

Você pode falar sobre o início da Fama?
Começamos a fazer gestão de investimentos com US$ 10 mil que levantamos com colegas de trabalho no início dos anos 1990. Como não tínhamos recursos para contratar serviços de informações, como relatórios de pesquisas, começamos a frequentar supermercados por horas para entender os hábitos dos consumidores. Esse trabalho moldou o DNA da Fama.

Como assim?
Quando ganhamos volume e passamos a receber convites para encontros com os CEOs e altos executivos das empresas, notamos que a qualidade das nossas informações caiu. Valorizamos muito a interação com a diretoria das companhias, mas também gostamos de ouvir outras fontes para não termos apenas a visão enviesada do negócio.

Como essa estratégia se reflete no trabalho da Fama?
Acabamos privilegiando empresas mais relacionadas ao mercado doméstico, já que temos dificuldade para fazer esse trabalho de campo para entender quem opera em outros países.

Qual sua visão para o mercado de ações?
Estamos bastante otimistas com as posições em nossa carteira, como Localiza, CVC, M. Dias Branco e MRV. Essas ações têm ficado um pouco para trás em relação à média do mercado com as revisões do PIB para baixo. No entanto, acreditamos que, passando a previdência ou não, são papéis que terão um bom desempenho nos próximos meses.