“Se quer investir com segurança, compre imóveis.” Transmitido de pai para filho por gerações e gerações, o velho conselho para escapar da volatilidade, aumentar o patrimônio e garantir uma renda extra com aluguéis na aposentadoria começa voltar à cartilha dos investidores brasileiros. Atualmente, essa opção não obriga, necessariamente, a imobilizar o dinheiro em cimento e tijolos. Os Fundos de Investimento Imobiliários (FIIS) são alternativas para quem busca ser dono de uma fração de um escritório, de um galpão logístico ou de um shopping center. Não faltam opções. Existem, hoje, 390 fundos de investimentos imobiliários ativos no mercado financeiro nacional. “Os preços reais dos imóveis estão abaixo do patamar de 2013, com potencial de alta entre 20% e 30% no ano que vem”, afirma Luis Azevedo, superintendente de análise da Safra Corretora.

“Confiantes de que a economia vai crescer em 2020, empresas têm buscado espaços maiores em regiões como a da Faria Lima, a da Juscelino Kubitschek e a da Berrini (centros comerciais e financeiros de São Paulo) para acomodar novos funcionários. Isso impulsiona os investimentos em fundos voltados ao setor imobiliário.”

Os números comprovam o reaquecimento desse mercado. De janeiro a novembro, o volume de novas emissões alcançou a maior cifra da história, com R$ 32,5 bilhões captados, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O resultado, que inclui fundos listados e aqueles não negociados em bolsa, é mais que o dobro do recorde anterior, de R$ 16,1 bilhões em 2011, ou ainda dos R$ 15,6 bilhões de todo o período de 2018. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem mais R$ 2,9 bilhões em 13 ofertas em análise. Se forem aprovadas antes do Réveillon, 2019 tem potencial para fechar com total de R$ 35,4 bilhões em emissões. E a obra está a todo vapor. O patrimônio líquido dos 200 fundos listados em bolsa alcançou R$ 74,4 bilhões em outubro, com alta de 35,8% no ano. Em apenas um mês, entre setembro e outubro, os ativos dos fundos cresceram 11%. “O ano de 2019 representou um grande marco para a indústria de Fundos Imobiliários. Com os juros na mínima histórica, mais investidores se encorajam a assumir riscos e buscar diversificação nessa classe de ativos”, diz Daniel Chinzarian, analista de fundos imobiliários da Guide Investimentos.

Os FIIS estão atraindo, cada dia mais, investidores pessoas físicas. Segundo o boletim da B3 de outubro, em 10 meses o número de investidores subiu de 230 mil para 517 mil – mais do que dobrou. No período, a base de investidores ganhou cerca de 32 mil novos cotistas por mês, em média. Na avaliação de Chinzarian, os fundos estão aproveitando o ambiente de apetite dos investidores e fartura de capitais para fazer novas captações. No embalo, a liquidez do mercado secundário também aumentou. O giro mensal saiu de R$ 1 bilhão para R$ 4 bilhões, entre janeiro e outubro de 2019. “A aceleração do crescimento do PIB, a expansão de crédito, a ampliação do interesse de investidores institucionais e também pelo fato que o ciclo imobiliário começou a ganhar impulso são os motivos que aumentam a nossa expectativa para essa indústria em 2020”, afirma o analista da Guide Investimentos.

O potencial de alta dos imóveis e de contratos de aluguéis é um fator que seduz os investidores, mas não é o único. A Selic em 4,5% ao ano, com viés de baixa, e a projeção de inflação de 3,6% em 2020 empurra recursos da poupança e da renda fixa para opções com potencial de ganhos maiores. “Com a queda da taxa de juros aos menores níveis históricos, o investidor brasileiro vai ter que prestar mais atenção a sua carteira de investimentos em 2020. Os Fundos Imobiliários passaram, a partir deste ano de 2019, a ser presença obrigatória em qualquer carteira diversificada de investimentos”, afirma Daniel Pegorini, CEO da gestora Valora Investimentos.

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