A Aliança do Pacífico, formada por México, Chile, Colômbia e Peru, defendeu nesta segunda-feira (23) o livre-comércio em um momento em que as posturas protecionistas afloram no mundo todo, principalmente nos Estados Unidos.

“Modernizamos os acordos de livre-comércio, acreditamos no livre-comércio”, disse o presidente do México, Enrique Peña Nieto, durante a cúpula do grupo, realizada no balneário de Puerto Vallarta, no estado de Jalisco.

Peña Nieto discursou com os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos; do Peru, Martín Vizcarra, e do Chile, Sebastián Piñera, no encerramento do primeiro dia de atividades do encontro.

Esses países representam 38% do PIB da América Latina e, em conjunto, são a oitava economia mundial.

O presidente americano, Donald Trump, adotou tarifas sobre o aço de México, Canadá e União Europeia, e contra vários produtos chineses, gerando represálias de seus parceiros comerciais e o risco de uma guerra comercial.

Para o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, o grupo deve desempenhar um papel importante frente as posturas protecionistas.

“A Aliança do Pacífico pode se tornar a antítese do que hoje está acontecendo em nível mundial e se começarmos a atuar nessa direção, isso vai surtir um efeito de bola de neve muito importante”, disse o presidente, que deixará o cargo no dia 7 de agosto, quando Iván Duque tomará posse.

O presidente do Peru, Martín Vizcarra, também disse que o grupo deve aproveitar essa oportunidade.

“Em vez de gerar temor entre os integrantes da Aliança, devemos aproveitar essas circunstâncias para tirar vantagens comparativas e competitivas”, afirmou.

O presidente do Chile, Sebastián Piñera, ressaltou os riscos do protecionismo e pediu uma integração mais profunda.

“Temos um mundo totalmente distinto com novas ameaças, como por exemplo o protecionismo. Se as ameaças do presidente Trump forem cumpridas, as tarifas voltarão aos níveis que tinham na década de 70”, disse o presidente.

“É uma grande oportunidade para avançar para uma zona de livre-comércio da América Latina”, acrescentou.

No encontro, se esperava a presença do presidente eleito do México, Andrés Manuel López Obrador, que foi convidado por Peña Nieto. Ele cancelou de última hora, porém, ao afirmar que não havia recebido o diploma formal que o reconhece como presidente eleito.

Yeidckol Polevnsky, a presidente do partido de López Obrador (Morena), disse que representam o novo governo no encontro o futuro chanceler, Marcelo Ebrard, a próxima ministra da Economia, Graciela Márquez, e Jesús Seade, nomeado o novo negociador mexicano do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta).

– Diversificando o comércio –

Para o México, a Aliança do Pacífico é importante, já que busca diversificar seu comércio, fortemente dependente dos Estados Unidos, para onde envia 80% de suas exportações.

O México atualmente revisa o Nafta em negociações com Estados Unidos e Canadá que devem se estender até 2019.

“O desenvolvimento técnico foi muito bom, todas as posições defendidas são as corretas, todas as posições rejeitadas são as corretas, mas têm uma base técnica, temos que encontrar a forma de levar isso a uma conclusão”, disse Seade à imprensa.

O governo mexicano também atualizou o acordo de livre-comércio com a União Europeia, vigente desde 2000, e é parte do Tratado de Associação Transpacífico, que foi ratificado em março passado, sem os Estados Unidos.

No entanto, não é o único país que busca ampliar seu comércio. Brasil, Argentina e Uruguai, países membros do Mercosul, buscam uma aproximação maior da Aliança do Pacífico.

O presidente Michel Temer e Tabaré Vázquez, do Uruguai, participarão do encontro. Esperava-se a presença de Mauricio Macri, presidente da Argentina, mas ele não compareceu.

A Aliança do Pacífico também chama a atenção internacional e, por ora, Austrália, Canadá, Singapura e Nova Zelândia buscam se converter em Estados associados do grupo.