Aliados do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), passaram a reclamar do clima de animosidade com que ele vem sendo tratado por líderes da base e ocupantes do Palácio do Planalto.

Para eles, o governo está sendo “injusto” em desconfiar que Maia estaria articulando para assumir a Presidência no lugar de Michel Temer. Para eles, o presidente da Câmara estaria apenas adotando uma posição institucional diante da denúncia que tramita na Casa.

“O papel de líder de governo cabe aos deputados designados, não ao presidente da Câmara. Maia continua com a sua posição de lealdade e de canal de diálogo aberto com o Planalto, mas com serenidade na tomada de decisões”, disse o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB).

Um interlocutor do presidente da Câmara esteve com Temer na terça-feira, 11, e reclamou da desconfiança. Nesta quarta-feira, o Planalto emitiu uma nota dizendo que repudiava “as tentativas intrigantes de se criar uma falsa crise entre os poderes Executivo e Legislativo”.

Outros aliados de Maia têm sido ainda mais incisivos nas críticas a Temer. Dizem que, se o presidente da Câmara quisesse prejudicar o governo, teria marcado a votação da denúncia para um domingo, assim como fez o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) durante o processo de impeachment da petista Dilma Rousseff.

Um deputado próximo a Maia diz que, se o presidente da Câmara quisesse, derrubaria Temer a qualquer momento. Ele também afirma que o núcleo duro do Planalto, como o ministro Eliseu Padilha, mede Maia com “a mesma régua”, pois um dia eles conspiraram para tirar Dilma da Presidência.

Desde que a denúncia chegou à Câmara, em 29 de junho, Maia tem se afastado do Planalto. O movimento para que a denúncia fosse aceita e resultasse no afastamento de Temer ganhou corpo na semana passada. Nomes próximos ao deputado do DEM começaram a questionar a capacidade de Temer de manter a governabilidade porque novas acusações formais seriam apresentadas contra o peemedebista.

Nesta quarta-feira, 12, integrantes do governo tiveram um novo polo de divergência com Maia e passaram a questionar o fato de o presidente da Câmara ter anunciado que só colocará a denúncia em votação se houver 342 deputados em plenário. O número é considerado alto pela base aliada, que articula para que o quórum exigido seja de apenas 257 parlamentares.

Pelo cronograma idealizado pelo Planalto, a denúncia deveria ser votada na sexta-feira ou, no máximo, na próxima segunda. A exigência do quórum alto, no entanto, poderia fazer com que o caso fosse analisado pelo plenário somente em agosto, na volta do recesso parlamentar.