O presidente de honra e fundador do PSL, Luciano Bivar, que lançou a candidatura do deputado federal Jair Bolsonaro à Presidência, já defendeu propostas que contradizem algumas das principais bandeiras do presidenciável. Bivar se declarou, no livro “Burocratocia: A Invasão Invisível”, de sua autoria, a favor da legalização do aborto. Em sua própria campanha para presidente da República, em 2006, ele pediu ainda um plebiscito sobre a união de pessoas do mesmo sexo e defendeu o Bolsa Família. Outra atual aliada, a advogada Janaína Paschoal também já se posicionou de forma contrária a Bolsonaro no ano passado.

Bivar lançou “Burocratocia” em 2006. Nele, quando recorda sua atuação como deputado federal, escreve: “Combati a retórica e a falácia dos defensores dos direitos humanos, quando propus a legalização do aborto e da eutanásia e a introdução da pena de morte para crimes de sequestro seguido de morte”.

Ele defende ainda tratados para que grandes potências participem da defesa do Brasil: “Com isso, podemos diminuir 60% do nosso recrutamento militar, poupando uma verba anual expressiva”. Bolsonaro é capitão da reserva do Exército e tem base eleitoral nos quartéis.

Além disso, Bivar pediu a extinção do tributo pago sobre quem tem imóveis em terrenos da Marinha. “Os custos da União para cobrar esse tributo não justificam a sua permanência”, afirmou aos leitores.

A assessoria de Bivar respondeu que “hoje, as posições (de Bivar) estão sendo amadurecidas em conjunto com todas as tendências que formam o PSL”.

Janaína

A advogada do impeachment Janaína Paschoal fez críticas ao candidato do PSL no Twitter. Em post de 24 de novembro do ano passado, disse não gostar “do tom” do deputado e que ele “haveria de cuidar mais de sua fala”. “Ando preocupada com isso”, afirmou.

No mesmo mês, Janaina declarou na plataforma que Bolsonaro precisava ponderar seu discurso e ouvir pessoas que pensam diferente. Foi o mesmo tom usado pela advogada no lançamento da candidatura do deputado, domingo retrasado.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, Janaína afirmou que não vê estes tuítes como críticas, “mas como conselhos” ao deputado. “Estão em consonância com o que eu falei na convenção. E, pelo que tenho observado, ele está cuidando dessas questões”, afirmou.

O presidente do PSL, Gustavo Bebianno, disse ao jornal que as opiniões de Janaina são de uma “mulher forte”, que pode “agregar” à chapa. Nesta segunda-feira, 30, Bolsonaro se encontrará com Janaina em São Paulo, na tentativa de acertar seu posto como vice na chapa. A aliança ficou abalada após o discurso da advogada na convenção do PSL. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.