Sim. Sou um otimista inveterado.

Não poderia ser diferente. Se não o fosse não teria começado uma empresa de garagem com 3 sócios e 100 reais por mês, ainda em 1998, acreditando que poderia ser a empresa referência no seu setor um dia. Isso numa época que não existia capital. Nem de risco, nem de pai, nem de crowdfunding. A única opção era ir na Caixa Econômica Federal e deixar carro ou imóvel como garantia. Claro, não tínhamos nenhum dos dois.

Se não fosse otimista, não estaria agora tentando repetir a dose, com 25 empresas de uma só vez, ao invés de apenas o nosso ‘buscapezinho’ de 98.  E estamos fazendo isso através de Venture Capital, sem garantias além de muita técnica e boa intuição. 

Acreditar nisso é mais que acreditar que 2017 vai ser. É acreditar nos próximos 10 anos. 

2016 não foi um ano fácil. Foi difícil, esquisito, estranho. O mundo está confuso. E provavelmente, desde a queda do muro de Berlim, nunca esteve tão dividido. 

“Todos podem ser cínicos. Te desafio a ser otimista”, escutei uma vez. Então vamos lá!

Apesar do sofrimento econômico, tive momentos bons. Ganhei novos amigos. Me casei. Ganhei um sobrinho e meus afilhados estão lindos.

Comecei um novo negócio numa nova indústria e fui muito bem recebido pelos meus colegas de Venture Capital.

Testamos nossas instituições. Descobrimos pontos fortes. Descobrimos que alguns pilares continuam com rachaduras. Ficamos envergonhados como povo. Deveríamos ter ficado honrados.

Como bem escreveu o Juiz Sérgio Moro, ao citar uma frase dita pelo presidente americano Theodore Roosevelt em 1903, “a exposição e punição da corrupção pública é uma honra para a Nação e não uma desgraça”.

Foi bom para os negócios? Depende. Para crescimento? Para lucros? Não. Claro que não. 

Mas 2016 foi um ano importante para quem pode semear. Plantar. 

Para as startups, apesar do contrassenso, a crise traz algumas vantagens, como mudança de comportamento do consumidor e acesso a talento pra compor o time.

Mas ninguém em sã consciência se sente bem ao olhar para o lado. Ao ver o brasileiro sofrer tanto. 

Não só sofrimento. 2016 foi o ano da resiliência:

Resiliência (Segundo Dicionário Aurélio)
1 – Propriedade de um corpo de recuperar a sua forma original após sofrer choque ou deformação.

2 – Capacidade de superar, de recuperar de adversidades.

Tá aí uma característica que o brasileiro aprendeu a ter de pequenininho. Como poucos. 

Outra característica predominante na nossa mistura é a esperança. Mas a esperança é uma qualidade perigosa. Porque ela é vazia. Não é motora. À esperança falta atitude. 

É justamente a atitude que transforma a pacata esperança em agitado otimismo. 

Por isso eu realmente espero que o maior presente que o brasileiro esteja levando desse ano para o próximo seja a atitude. 

Entender a causa-efeito de se exigir o que é seu por direito. Entender que solução por não aceitar algo não é reclamar no bar, e sim ir berrar na rua. 

Eu quero desejar mais atitude pro brasileiro em 2017. A gente experimentou um pouco em 2016 e gostou. Que a esperança do “homem-cordial” fique guardada no armário.

Na noite do Réveillon o brasileiro escolhe sempre uma cor específica para usar. Dizem que amarelo traz dinheiro, verde traz saúde, branco traz paz. Alguém por aí sabe a cor da atitude, pra ficar de dica?