A epidemia de covid-19 acelera na Alemanha, que nesta quinta-feira (11) superou a marca de 50.000 contágios diários e registra cada vez mais hospitalizações, o que levou o futuro chanceler Olaf Scholz a comentar a situação delicada.

O social-democrata, provável sucessor de Angela Merkel, observa o surgimento da primeira crise de um mandato que não deve começar antes de dezembro, à espera da conclusão das negociações entre seu partido SPD, o Partido Verde e o FDP (Partido Democrático Liberal).

Mesmo antes de assumir o cargo, Scholz decidiu atacar o problema para desativar as críticas que aumentam diante da falta de preparo do país à nova onda da pandemia.

A Alemanha registrou nesta quinta-feira o maior número de infecções diárias de covid-19 desde o início da pandemia, com 50.196 novos casos em 24 horas, segundo o instituto de vigilância sanitária Robert Koch.

Esta é a primeira vez que o país supera a marca de 50.000 casos diários. A Alemanha enfrenta atualmente uma onda de contágios que provocou vários recordes de infecções nos últimos dias.

O balanço de mortes por covid-19 nesta quinta-feira foi de 235.

“Temos que adotar medidas necessárias muito numerosas para passar este inverno. Devemos proteger nosso país neste inverno”, afirmou Scholz, atual vice-chanceler, no Parlamento, onde seu partido apresentou, ao lado dos futuros sócios de coalizão, novas propostas para lutar contra a covid.

A futura coalizão de governo aposta em uma nova campanha de vacinação, testes de detecção em larga escala e restrições para as pessoas não vacinadas.

“O primeiro e mais importante é não ceder em nossos esforços para que mais cidadãos sejam vacinados. Nem todos estão convencidos de que é o que devem fazer”, declarou Scholz.

“Sabemos qual será a consequência: um número muito grande daqueles que não estão vacinados serão infectados”, advertiu.

A pressão é cada vez maior nos hospitais.

A Alemanha já começou a transferir pacientes das regiões mais afetadas, especialmente no leste do país – mais relutante à vacinação -, para outras em que a situação ainda está sob controle.

A onda de casos é atribuída particularmente à taxa de vacinação abaixo do esperado entre a população da Alemanha, um pouco inferior a 67%.

A vacinação não é obrigatória no país, inclusive para profissionais de saúde.

O ministro da Saúde, Jens Spahn, chamou recentemente a nova onda de contágios de “pandemia dos não vacinados”.

Angela Merkel afirmou na quarta-feira que o aumento de casos desde outubro no país é “dramático”.

“A pandemia se propaga novamente de forma acelerada”, lamentou o porta-voz da chefe de Governo, antes de pedir às autoridades regionais, que têm competência na gestão da saúde, que adotem novas medidas para conter a propagação.

Vários estados particularmente afetados, como Saxônia, Baviera ou recentemente Berlim, adotaram novas restrições para as pessoas não vacinadas.

Na capital, as pessoas que não foram vacinadas não terão acesso a restaurantes sem áreas abertas, bares, academias ou salões de beleza, mesmo com teste negativo para covid.

Quase 4,9 milhões de pessoas foram infectadas pela covid-19 na Alemanha desde o início da pandemia e mais de 97.000 faleceram vítimas da doença. O país tem mais de 83 milhões de habitantes.