A Alemanha se prepara para relaxar com prudência as restrições impostas pela pandemia e reabrir algumas lojas, apostando em milhões de testes para tentar evitar uma terceira onda de infecções.

Depois de semanas de medidas restritivas, na quarta-feira a chanceler Angela Merkel vai propor aos líderes das 16 regiões a flexibilização dos contatos sociais.

A dirigente, partidária de uma linha dura na gestão da pandemia, reconheceu que a população deseja “ardentemente” um retorno a uma vida mais normal, segundo participantes de uma reunião parlamentar nesta terça-feira (2).

De acordo com as mesmas fontes, a partir de segunda-feira, 8 de março, serão permitidos os contatos entre “duas unidades familiares”, sem ultrapassar o total de cinco adultos – não incluídos os menores de 14 anos – determina o projeto de resolução, do qual a AFP obteve cópia.

Até agora, os contatos domiciliares são limitados a uma única pessoa externa.

Nas últimas semanas, apesar do temor de uma propagação das variantes britânica e sul-africana do vírus, a Alemanha, autorizou a reabertura gradual de escolas – após dois meses fechadas – e de cabeleireiros com agendamento.

– “Instrumento fundamental” –

O governo e as lideranças das regiões devem, porém, reafirmar que a limitação dos contatos continua sendo “o instrumento fundamental no combate à pandemia”.

O projeto destaca que a medida “salva inúmeras vidas todos os dias e evita a evolução grave da doença”.

A chanceler alertou os parlamentares de seu partido conservador que se preparem para “pisar no freio”.

A estratégia de abertura deve ser apoiada em testes de antígenos maciços.

As farmácias devem disponibilizar esses testes rápidos “em grande quantidade”, o que deve, “nos próximos meses influenciar positivamente a evolução da pandemia”, segundo o documento.

O objetivo é que até o início de abril toda a população faça exames periódicos e gratuitos.

Funcionários de escolas e creches, assim como os alunos, receberão testes semanais gratuitos, como em outros países.

As empresas também devem disponibilizá-los a seus trabalhadores presenciais.

– Cansaço –

No entanto, algumas vozes, principalmente nas regiões menos afetadas, reclamam por ainda mais flexibilidade, dois meses após o início de uma campanha de vacinação que deve atingir sua plenitude nas próximas semanas.

Depois de aceitar, gostando ou não, as restrições – que não chegaram ao confinamento estrito – a população dá sinais de impaciência.

Muitas redes de lojas e pequenos comerciantes alertaram para o risco de falências maciças. Todos os estabelecimentos “não essenciais” estão fechados desde meados de dezembro.

Sete meses antes das eleições legislativas, a oposição e também os sociais-democratas, parceiros minoritários da coligação, criticam a política de Merkel.

Depois de diminuir consideravelmente no início do ano, o número de casos voltou a aumentar.

Nas últimas 24 horas, a Alemanha registrou 3.943 novas infecções, segundo dados do Instituto Robert Koch.

Neste final de semana o país ultrapassou as 70.000 mortes por covid-19 desde o início da pandemia.