No forte discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, na terça-feira 20, em Nova York, o presidente Michel Temer (foto ao lado) destacou o papel do Brasil como potência ambiental. “A prosperidade e o bem-estar no presente não podem penhorar o futuro da humanidade”, afirmou o presidente. “Mais do que possível, é necessário crescer de forma socialmente equilibrada com respeito ao meio ambiente.” Temer ressaltou que o País ratificou o Acordo de Paris, compromisso global de redução do aquecimento global firmado no final do ano passado, durante a COP21, na capital francesa. O Brasil é, de fato, uma potência ambiental, tanto para o bem, quanto para o mal. Não só tem a maior biodiversidade do planeta, como é um dos maiores emissores de poluentes. Ao assinar o acordo, o Brasil trouxe para si uma série de desafios e precisa ir além das palavras, segundo as principais ONGs que atuam no País.

“Apesar do fato de o presidente Michel Temer ter dito na ONU que nós só temos um planeta, o governo parece agir como se tivéssemos mais de um”, afirma Carlos Rittl, secretário-executivo da ONG Observatório do Clima. Segundo a WWF, o principal trabalho a ser feito é conectar os compromissos assumidos com os planos e políticas públicas, garantindo orçamento efetivo para a implementação das iniciativas. Entre elas estão o desmatamento zero de florestas, o incentivo às energias renováveis não convencionais, o abandono dos projetos de hidrelétricas e a busca por formas menos poluentes de mobilidade. Já para o Greenpeace, ou o País persegue, de maneira firme e efetiva, a eliminação do desmatamento, ou dará margem a retrocessos. Desde 2011, a taxa de destruição da Amazônia oscila em torno da média de 5,5 mil km² por ano, um número preocupante.

(Nota publicada na Edição 986 da Revista Dinheiro)