A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) denunciou, classificando como “inaceitáveis”, os incidentes em que os guardas de segurança iranianos são acusados de terem assediado fisicamente várias inspetoras nucleares da ONU, segundo uma matéria publicada pelo Wall Street Journal.

“Nesses últimos meses, houve incidentes vinculados aos controles de segurança de inspetores em um estabelecimento iraniano”, disse a AIEA em um comunicado recebido nesta quarta-feira (15) pela AFP, sem esclarecer a natureza dos fatos.

“O órgão levou imediatamente e com firmeza este problema ao Irã”, continua o comunicado da AIEA, que afirma ter “explicado de forma clara e inequívoca que isso é inaceitável e que não deve voltar a acontecer”.

Os fatos ocorreram na usina de enriquecimento (de urânio) em Natanz (centro), de acordo com o WSJ, que cita fontes diplomáticas, assim como um documento americano que pede o “fim de tais condutas”.

Os guardas supostamente se comportaram de forma inadequada com as inspetoras, ordenando que retirassem parte de suas roupas, segundo o jornal americano, que informou quatro a sete incidentes deste tipo desde o início de junho.

O “Irã forneceu explicações, alegando procedimentos de segurança reforçados após os fatos ocorridos em uma de suas centrais”, diz a AIEA.

O complexo de Natanz foi afetado em 11 de abril por uma explosão, um “ato de sabotagem” atribuído a Israel.

“As medidas de segurança foram reforçadas de forma razoável. Os inspetores da AIEA se adaptaram gradualmente às novas normas”, tuitou o embaixador iraniano aos órgãos internacionais em Viena, Kazem Gharib Abadi, reagindo à informação da imprensa americana.

Diplomatas participam durante esta semana da reunião trimestral da Junta de Governadores da AIEA, em Viena. Devem abordar a questão do programa nuclear iraniano precisamente nesta quarta-feira, enquanto a República islâmica, que exige o levantamento das sanções americanas, abandonou claramente nos últimos meses as obrigações assumidas no acordo internacional alcançado em 2015.

As negociações entre Estados Unidos e as outras potências envolvidas (Irã, Alemanha, França, Reino Unido, China e Rússia) para salvar este acordo, prejudicado pelo ex-presidente americano Donald Trump, estão atualmente em ponto morto.