A busca por recursos para financiar a safra coloca os produtores rurais diante de uma série de desafios, com destaque para dois deles. O primeiro é conseguir o dinheiro no momento certo, pois se chegar depois de uma janela de plantio, por exemplo, a temporada de cultivo já fica comprometida. O segundo é o emaranhado burocrático, repleto de processos e procedimentos, que geralmente acaba afastando o agricultor das instituições financeiras. Se por um lado essa situação parece um terreno difícil para o fazendeiro, por outro se tornou um campo fértil para as agfintechs.

A evolução tecnológica no setor das agrofinanças trouxe agilidade, praticidade, segurança e rentabilidade. A empresa de insumos agrícolas Tecnomyl Brasil, integrante do Grupo Sarabia (Paraguai), conseguiu zerar os casos de inadimplência com a utilização da plataforma de análise de crédito AgRisk, desenvolvida pela agfintech Nagro. A dimensão do problema era de apenas 1% até 2020, mas nem por isso deixava de ser significativo. “Eles faturam mais de R$ 2 bilhões por ano”, afirmou o CEO da Nagro, Gustavo Alves. Evitar a perda de R$ 20 milhões por ano é bastante considerável.

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Segundo o executivo, a solução tecnológica tem o objetivo de deixar o mercado mais saudável, gerando segurança para quem oferece e para quem toma o crédito. E com muita rapidez. A plataforma consulta cerca de 80 fontes de dados em 2 minutos, uma análise que abrange bancos do Brasil todo e ainda está integrada com a B3 e a CERC Central de Recebíveis. Dessa forma é possível mostrar o nível de endividamento do cliente tanto do ponto de vista das instituições financeiras quanto do mercado.

As informações também são valiosas para o produtor rural, que pode usar seu status financeiro como um fator facilitador na tomada de crédito. Em 2021, essa avaliação da AgRisk envolveu R$ 45 bilhões e, de janeiro a abril deste ano, já foram mais R$ 72 bilhões. A plataforma tem hoje 230 empresas em seu banco de dados e o objetivo para 2023 é chegar a 2 mil. “Quanto mais empresas consumindo informações de qualidade para o mercado de crédito, melhor será para todo o setor”, afirmou Alves. Cada vez mais, o crédito é visto como um insumo, tão importante quanto qualquer outro, e tem a função prioritária de impulsionar a operação agrícola, não de travá-la.