Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – A safra de soja do Brasil em 2021/2022 deve alcançar um recorde de 144,3 milhões de toneladas, com as condições climáticas favoráveis de maneira geral e um crescimento de área plantada em meio a bons preços, estimou nesta quinta-feira a Agroconsult.

Caso a projeção se confirme, a safra no maior produtor e exportador global de soja cresceria 5,2% na comparação com a temporada anterior, estimada pela consultoria em 137,1 milhões de toneladas.

Com os preços sustentados, os produtores brasileiros elevaram o plantio em 4,2% na temporada atual, para 40,3 milhões de hectares.

“Via de regra estamos indo muito bem este ano. As chuvas começaram muito cedo em todo o país, permitindo o plantio bem no início da janela ideal”, disse sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, durante evento promovido pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).

Ele afirmou ainda que, se as condições continuarem favoráveis, a produção da oleaginosas brasileira poderia superar 145 milhões de toneladas, na melhor das hipóteses.

A consultoria destacou que, com um plantio antecipado pelas chuvas, o Brasil poderá ter também um volume maior de soja da nova safra em janeiro, quando a colheita se intensifica.

Ele estimou um volume pronto para colheita na primeira quinzena de janeiro de 6,5 milhões de toneladas, muito próximo da temporada mais adiantada da história, em 2018/19, quando o Brasil já teve no período 8,2 milhões de toneladas.

Com uma colheita antecipada de soja, o Brasil poderá plantar a sua segunda safra de milho –a maior do país– em uma janela climática mais favorável, o que potencialmente aumenta as produtividades. O cereal é semeado logo após a retirada da oleaginosa nos campos.

Dessa forma, a Agroconsult estimou a produção total de milho do Brasil em 2021/22 em 124 milhões de toneladas, sendo 28,7 milhões de toneladas na primeira e 95,3 milhões de toneladas na segunda safra.

A produção total teria um crescimento de 44,5% ante a temporada passada, atingida por seca e geadas. A safra também deve ser impulsionada por um aumento da área plantada.

Com preços favoráveis pela oferta e pelo câmbio, produtores serão estimulados a expandir o plantio de milho de milho em 5,6%, para históricos 20,8 milhões de hectares.

Diante da expectativa de grandes safra de soja e milho, a colheita total de grãos e oleaginosas do Brasil ficaria muito perto de 300 milhões de toneladas, ressaltou o analista no evento transmitido pela internet.

A produção total cresceria para 298 milhões de toneladas, versus 251,3 milhões no ano anterior, quando a safra de milho sofreu com intempéries.

Também incentivados pelos preços favoráveis, disse Pessôa, os produtores de algodão deverão ampliar a área plantada em 15,8% em 2021/22, para 1,65 milhão de hectares, e a produção foi estimada em 3 milhões de toneladas (pluma), aumento anual de 21,9%.

EXPORTAÇÕES RECORDES

Caso os números de safra se confirmem, a exportação de soja do Brasil em 2022 poderá atingir históricas 92,2 milhões de toneladas, alta de 7,7% na comparação com as 85,6 milhões projetadas para 2021, que está se configurando em novo recorde.

Já o esmagamento de soja do Brasil aumentaria 4% no próximo ano, para 48,6 milhões de toneladas.

Na mesma linha da soja, as exportações de milho do Brasil também foram vistas em recorde de 45,2 milhões de toneladas em 21/22, ante apenas 18,6 milhões em 20/21, quando a oferta foi prejudicada pelos problemas climáticos.

Pessôa destacou que o Brasil, com esses volumes, deverá voltar a ser o segundo exportador de milho, atrás dos Estados Unidos.

Com a força da indústria de carnes e da expansão do setor de etanol, o consumo do cereal no Brasil deverá subir também para um recorde de 76,3 milhões de toneladas, ante 70,8 milhões na temporada anterior.

A Agroconsult ainda estima exportação de algodão do Brasil, segundo exportador global da pluma, em 2,36 milhões de toneladas em 21/22, ante 1,88 milhão em 2020/21.

(Por Roberto Samora)

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