SÃO PAULO (Reuters) – O governo brasileiro lançou nesta quinta-feira o Programa de Fomento à Agricultura Irrigada no Nordeste (Profinor) para impulsionar a produção agrícola na região, em projeto que contará com financiamentos da ordem de 900 milhões de reais, segundo o Ministério da Agricultura.

O Profinor terá metas de incremento de 80 mil hectares irrigados até 2024, além da modernização de 8 mil hectares de sistemas de irrigação considerados obsoletos, conforme nota do ministério.

Segundo a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a partir da linha de crédito criada pelo Banco do Nordeste (BNB), os pequenos e médios produtores rurais da região terão acesso facilitado tanto a recursos para a implantação ou expansão de projetos de irrigação e drenagem, como também à assistência técnica necessária para seus projetos.

“Queremos mostrar que temos uma fronteira que está aí à nossa disposição, precisamos que o Nordeste brasileiro, que já produz, produza mais, e que produza movido por ciência e tecnologia”, disse a ministra durante o lançamento do programa transmitido pela internet, pontuando que a região tem terras e clima favoráveis.

O Nordeste já é grande produtor de frutas, mas a ministra observou que a região precisaria produzir mais milho, por exemplo, e vê essa possibilidade já na próxima temporada.

O banco pretende apoiar projetos com sistemas inteligentes de irrigação, que não gastem muita água, e que usem energia renovável, como solar e eólica, com grande potencial na região.

Os recursos do Profinor serão provenientes do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), BNB Agro Inovação e Pronaf (para agricultores familiares), com taxas de juros que variam de 4,38% a 4,78% ao ano, dependendo do porte do produtor (pequeno, médio e grande). O crédito será operacionalizado pelo BNB.

Dados do Censo Agropecuário de 2017 e da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) citados pelo ministério indicaram que a área irrigada no Brasil é de aproximadamente 7 milhões de hectares –o país produz grãos e oleaginosas em 68,5 milhões de hectares, área esta que não considera café e cana-de-açúcar.

Mas o ministério ressaltou que, enquanto a relação média mundial entre área irrigada e agricultura de sequeiro é de 20%, no Brasil esse índice é de apenas 10%.

Segundo o ministério, existem 55 milhões de hectares ocupados atualmente pela agricultura de sequeiro e por pastagens aptos para irrigação, conforme pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz.

Com sua grande produção de frutas, o Nordeste responde por 26% da agricultura irrigada do Brasil, segundo dados apresentados pelo BNB.

(Por Roberto Samora)

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