Um grupo de agricultores que está há oito dias em greve de fome contra a reforma da Previdência fez um ato nesta terça-feira, 12, na Câmara de Deputados. Os trabalhadores rurais fazem parte de organizações ligadas à Via Campesina, como o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). A greve, que começou no último dia 5, contou inicialmente com a adesão de três pessoas. Outras três pararam de se alimentar há dois dias.

O grupo está concentrado no setor de taquigrafia da Câmara e recebeu nesta terça a visita do presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Sergio da Rocha, arcebispo metropolitano de Brasília. A CNBB se manifestou em março contra a reforma da Previdência.

“Normalmente nós buscamos outros meios, para que não se chegue a esse extremo, mas esse gesto é um sacrifício da vida deles a favor da vida dos mais pobres sofredores”, disse Dom Sergio, que rezou um pai-nosso com os grevistas.

O estado de saúde dos manifestantes está sendo acompanhado por um médico. Nesta terça, o deputado Henrique Fontana (PT-RS) fez um apelo para que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), autorizasse que os agricultores fossem acomodados em colchonetes, porque os agricultores que estão há mais tempo sem comer estariam bastante debilitados.

Coordenador do MPA, Bruno Pilon afirmou que o grupo só vai interromper a greve quando a “reforma da Previdência for enterrada”. “Nós vamos ficar aqui até que ela seja cancelada e retirada de pauta”, disse.

Pelo texto atual na reforma, não haverá mudanças nas regras da aposentadoria rural. Pilon, no entanto, afirma que já foi apresentada uma emenda que sugere que as novas medidas passem a valer também para os trabalhadores rurais. “Mesmo que os agricultores e agricultoras fiquem de fora da reforma da Previdência, estar aqui protestando é um ato de solidariedade aos trabalhadores urbanos que serão atingidos”, disse o coordenador.

O Palácio do Planalto trabalha para garantir a votação da reforma no plenário da Câmara na próxima semana. Por se tratar de uma emenda à Constituição, são necessários 308 votos a favor da proposta. Líderes da base aliada admitem que, por enquanto, o governo ainda não tem esse número.