Por Marco Trujillo e Nacho Doce

LOS LLANOS DE ARIDANE, Espanha (Reuters) – Depois de mais de 50 anos cultivando bananas na ilha espanhola de La Palma, Antonio Brito Álvarez nunca viu nada como a devastação causada pelo vulcão Cumbre Vieja, que expele rocha derretida e cinzas desde domingo.

“Tudo isto está queimado, queimado pelo calor e o vento… as bananas estão totalmente queimadas”, disse Álvarez, de 65 anos, coletando a fruta chamuscada de uma árvore de sua pequena plantação no coração agrícola de Los Llanos de Aridane.

As frutas poupadas pelo calor escaldante são danificadas pelas partículas finas de poeira vulcânica dura, que corrói a casca da banana e a deixa sem condições de venda.

Paredes de lava negra da erupção avançam lentamente na direção oeste desde domingo, incinerando casas, escolas, igrejas e plantações pouco além da estrada que leva à fazenda de Álvarez.

Apesar da perda da lavoura, Álvarez, que abandonou a escola aos 13 anos para trabalhar nos campos, considera-se um dos que tiveram sorte, já que nem sua plantação, nem sua casa foram engolidos pela lava.

“Quando ela começou a queimar as casas, destruindo-as… eu me afastei e comecei a chorar”, contou. “Que se pare por favor, que se pare.”

Com um setor turístico muito menor do que o das vizinhas Tenerife ou Grã Canária, La Palma, uma ilha de cerca de 80 mil habitantes do arquipélago das Canárias, depende do cultivo de banana para cerca de metade de sua produção econômica.

tagreuters.com2021binary_LYNXMPEH8N0T9-BASEIMAGE