O governo dos Estados Unidos revelou que um agente chinês estava usando o LinkedIn para levantar informações e procurar alvos no País. Segundo os documentos da instituição, Jun Wei Yeo, um estudante de doutorado de Cingapura, teria sido recrutado quando apresentou sua pesquisa para acadêmicos chineses em Pequim, em 2015.

De acordo com reportagem da BBC, por conta de sua tese sobre política externa, Yeo foi abordado por pessoas que disseram trabalhar para grupos de inteligência chinesa. Eles queriam pagá-lo para fornecer “relatórios e informações políticas”. O agente afirmou que o objetivo era se concentrar nos países do sudeste da Ásia, mas depois o interesse deles foi direcionado para o governo dos EUA.

A revelação, que aconteceu na última sexta-feira (27), ocorre em meio as tensões entre os EUA e a China. Yeo se declarou culpado em um tribunal dos EUA por ser um “agente ilegal de uma potência estrangeira”. Ele, com 39 anos, pode pegar até 10 anos de prisão.

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O professor chinês-americano Huang Jing, supervisor de doutorado de Yeo, foi expulso de Cingapura em 2017 por ser um “agente de influência de um país estrangeiro” que não foi identificado. Ele nega essas alegações. O professor, que trabalhou em Washington e Pequim, é apontado como um dos treinadores do agente.

Yeo contou que, durante uma reunião, foi convidado a obter informações específicas sobre o Departamento de Comércio dos EUA, inteligência artificial e a guerra comercial sino-americana. A reportagem explica que ex-funcionários do governo e militares divulgam detalhes de seus históricos de trabalho no LinkedIn para obter empregos lucrativos no setor privado. Yeo contratava pessoas, usando uma consultoria falsa, para escrever relatórios.

Uma das pessoas que ele contatou trabalhou no programa do jato F-35 da Força Aérea dos EUA e admitiu que tinha problemas financeiros. Outro foi um oficial do exército dos EUA designado ao Pentágono, que recebeu pelo menos US$ 2 mil para escrever um relatório sobre como a retirada das forças americanas do Afeganistão afetaria a China.

De acordo com os documentos do tribunal, seus treinadores o aconselharam a perguntar aos alvos se “estavam insatisfeitos com o trabalho” ou “estavam tendo problemas financeiros”. “Acho que muitas agências mundiais de inteligência provavelmente usam a rede social para procurar fontes de informação”, disse ele no relatório.

Dickson Yeo, como se identificava no LinkedIn, não conseguiu tantas informações com seus contatos. Mas, em novembro de 2019, ele viajou para os EUA com instruções para transformar um oficial do exército em um “canal permanente de informações”.