A África do Sul anunciou nesta segunda-feira(21) a primeira etapa para capacitar seu continente na produção de vacinas anticovid, mas a conclusão do projeto levará tempo e, enquanto isso, “pessoas continuam morrendo”, advertiu o presidente Cyril Ramaphosa.

O presidente sul-africano, impulsionador da luta pela suspensão temporária da propriedade intelectual das vacinas, justificou a necessidade de capacitação produtiva regional devido ao fato de que “não se pode contar com as vacinas produzidas fora da África porque nunca chegam” ao continente.

“Elas nunca chegam a tempo e as pessoas continuam morrendo”, disse ele da África do Sul em uma coletiva de imprensa da Organização Mundial da Saúde (OMS) dedicada a esse projeto.

Seu país representa mais de 35% do número total de casos de covid-19 registrados na África e atualmente sofre uma terceira onda massiva de infecções.

Como outros países em desenvolvimento, a África do Sul vê as vacinas indo para países ricos ou para os que, como a Índia, as fabricam em larga escala.

Apenas 2% da população do continente africano tomou pelo menos uma dose, disse o presidente Ramaphosa, enquanto os Estados Unidos e a Europa pretendem ter 70% de sua população totalmente imunizada nos próximos meses.

O anúncio desta segunda-feira deve aliviar esse desequilíbrio no longo prazo.

O objetivo é criar um “centro de transferência de tecnologia” para vacinas anticovid de RNA mensageiro, que se mostraram muito eficazes, como as da Pfizer-BioNTech e Moderna, e que parecem mais fáceis de se adaptar às novas variantes em circulação.

O projeto é promovido por um consórcio sul-africano formado pelas empresas de biotecnologia Biovac e Afrigen Biologics and Vaccines, uma rede de universidades e centros africanos de controle de doenças.

A OMS já criou um centro desse tipo com o objetivo de estimular a produção mundial de vacinas contra a gripe.