A empresa de energia AES é atualmente a maior investidora americana no Brasil. Foram mais de US$ 6 bilhões aplicados desde 1996, data de seu desembarque. Só neste ano, os recursos disponíveis para novos negócios deverão superar US$ 1,5 bilhão. Um dos projetos em estudo é o aumento da participação na Cemig. Se o governador de Minas Gerais, Itamar Franco, mudar de idéia e decidir vender o controle do Estado na companhia de energia, a AES é a primeira da fila. ?Queremos manter esse mesmo ritmo de investimento para o ano que vem?, afirma o presidente Luiz David Travesso. A companhia também está de olho na Cesp Paraná, que será leiloada no dia 6 de dezembro. Outra privatização que interessa é a da distribuidora Saelpa, da Paraíba, cujo leilão está marcado para o mês que vem. Além disso, há outros projetos para expandir a rede, como a construção de três termoelétricas, duas em São Paulo e uma no Rio Grande do Sul. De acordo com o presidente da multinacional, 2001 será o ano das termoelétricas. ?Hoje, 95% da energia do País é hidráulica e essa dependência está mudando.?

Desde que chegou ao Brasil, a AES virou acionista de 19 companhias. No setor de energia estão a Cemig, Light, Eletropaulo Metropolitana e Tietê. Também comprou participação no setor de telecomunicações ? Eletropaulo Telecom, Vant Communications, Light Telecom. Seja qual for a política de crescimento, o presidente da AES garante que o compromisso é de longo prazo, mesmo com os primeiros resultados financeiros sendo ruins para todo o setor de energia. Depois da desvalorização do real, os preços de energia no Brasil ficaram defasados e hoje estão 20% abaixo do valor internacional. A Light, por exemplo, tem um prejuízo acumulado de janeiro a setembro de R$ 80,7 milhões. ?Acreditamos no potencial que existe aqui e vamos continuar apostando?, diz. A perspectiva de recuperação é boa. O crescimento da economia previsto a partir deste ano deverá ser o grande empurrão que as empresas esperam. Enquanto o PIB cresce 4%, por exemplo, o consumo de energia no País cresce 8%. Segundo o analista da corretora Sudameris, Marcos Severine, o ano que vem deverá ser de lucro para a maioria das companhias do setor. A AES, de acordo com o especialista, poderá ser um dos destaques. ?Eles estão se preparando para a estratégia correta, que é a de multi-utilização para suas empresas, principalmente as de distribuição, que vão concorrer com as geradoras na comercialização de energia?, detalha. As empresas de telecomunicações onde a AES tem participação também deverão ganhar uma carga extra de energia. Segundo Severine, a tendência é que no futuro elas ofereçam as estruturas de rede para empresas como a Telefonica ou até venham a ser provedores de acesso.