O grupo espanhol Aena venceu nesta sexta-feira (15) o leilão para administrar seis aeroportos no nordeste do Brasil, após uma intensa disputa na qual o suíço Zurich conseguiu a licitação de dois aeroportos no sudeste, e o consórcio brasileiro Aeroeste, de outros quatro no centro-oeste.

As ofertas dos três vencedores dos 12 terminais totalizaram 2,377 bilhões de reais, mais de dez vezes a quantia mínima exigida (de 219 milhões de reais) neste primeiro grande teste dos planos de privatização e concessão do governo de Jair Bolsonaro.

As concessões têm prazos de 30 anos durante os quais os administradores deverão investir um total de 3,5 bilhões de reais. Nesta sexta, 9,5% do mercado doméstico de aeroportos foi leiloado.

Bolsonaro comemorou, no Twitter, a “grande vitória” que “demonstra a confiabilidade que o Brasil começa a resgatar do mundo todo depois um longo período de destruição e rebaixamento de nossa economia”.

Nove grupos concorreram na rodada organizada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), na Bovespa.

O interesse dos investidores “é uma grande demonstração de confiança no país”, comemorou o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Freitas.

Aena, número um mundial de gestão de aeroportos, ficou com o lote mais atraente, o do nordeste, que inclui terminais em Recife, Maceió, Aracaju, Juazeiro do Norte, João Pessoa e Campina Grande.

Para isso, precisou de um lance de 1,9 bilhão de reais – 1.010% mais alto que o valor inicial, de 171 milhões.

A Zurich levou os aeroportos de Vitória, no Espírito Santo, e Macaé, no Rio, por 437 milhões de reais, valor 830,15% mais alto que os 47 milhões de saída.

O consórcio Aeroeste – formado pelos grupos Socicam e Sinar – conseguiu os terminais de Cuiabá, Sinop, Rondópolis e Alta Floresta, todos no Mato Grosso, com um lance de 40 milhões de reais – 4.739,88% superior ao preço inicial de 800 mil reais.

A disputa na licitação foi intensa, com a participação de grandes players do setor, que acabaram sem nada – como a alemã Fraport e as francesas Vinci e ADP.

– ‘Desestatização’ –

Esta rodada inaugurou um modelo de venda por lotes que reúnem terminais de interesse diverso.

O governo prevê duas novas rodadas deste tipo entre 2020 e 2022, que incluirão 42 aeroportos e devem gerar investimentos de 8,7 bilhões de reais ao longo de 30 anos.

O ministro Freitas destacou que o modelo mostrou funcionar bem e anunciou que na próxima segunda serão publicados documentos de estudos para a segunda rodada, com terminais nas regiões sul, norte e centro-oeste.

As ofertas mais atraentes – Congonhas, em São Paulo, e Santos Dumond, no Rio de Janeiro – ficarão para o último leilão.

As licitações desta sexta-feira também marcam o início da “desestatização”, uma das duas ferramentas – ao lado dos cortes orçamentários – com que o ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende recuperar a confiança do mercado e reativar a atividade econômica no país.