Há 25 anos, em 13 de setembro de 1993, Israel e a Organização para Libertação da Palestina (OLP) assinaram os acordos de Oslo, em Washington, os quais levaram à criação da Autoridade Palestina como primeiro passo para um Estado palestino independente.

Um ano depois, os três artífices desses acordos – o então líder da OLP, Yasser Arafat, o primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin, e seu ministro das Relações Exteriores, Shimon Peres – receberam o Prêmio Nobel da Paz.

Hoje, com os três ganhadores do Nobel mortos (Rabin foi assassinado em 1995, Arafat faleceu em 2004, e Peres, em 2016), as perspectivas de acordo são mais sombrias do que nunca.

– Madri abre caminho –

No final de outubro de 1991, após a Guerra do Golfo, em que Israel e os países árabes se alinharam contra o Iraque e, enquanto a Intifada palestina estava em seu auge, celebra-se uma conferência de paz árabe-israelense em Madri.

Patrocinada por Washington e por Moscou, pela primeira vez israelenses e palestinos se sentam à mesa de negociações. Os palestinos comparecem em uma delegação conjunta com a Jordânia, já que Israel rejeitava a participação direta da OLP.

Uma série de negociações bilaterais e multilaterais se seguiu durante meses, em vários países, sem progressos reais, até que se travassem conversas secretas desde o início de 1993 em Oslo.

– Sem os flashes fotográficos –

Em janeiro de 1993, Israel derrogou uma lei de 1986 que proibia qualquer contato com a OLP.

De janeiro a agosto, a Noruega é palco de pelo menos menos 14 reuniões secretas.

Em 27 de agosto, citando funcionários israelenses e palestinos, a AFP revela que Israel negocia secretamente com a OLP para alcançar um acordo sobre um regime de autonomia que começaria na Faixa de Gaza e Jericó (Cisjordânia ocupada).

Para cumprir bem sua missão, o governo de Oslo, representado em particular por seu então ministro das Relações Exteriores, Johan Joergen Holst, apoia-se em seus contatos de velha data com Arafat e com os estreitos laços entre o Partido Trabalhista norueguês, no poder, e seu colega israelense.

– ‘Gaza e Jericó primeiro’ –

Em 29 de agosto, Israel anuncia um acordo, em linhas gerais, sobre uma autonomia palestina interina, que começa com a Faixa de Gaza e com uma pequena parte da Cisjordânia ocupada, no entorno de Jericó.

Em 10 de setembro, Israel reconhece a OLP como “representante do povo palestino” e, no dia 13, firma-se em Washington uma “Declaração de princípios sobre acordos interinos de autonomia” por cinco anos.

“O Governo do Estado de Israel e a equipe da OLP (…), representando o povo palestino, concordam que é hora de pôr fim a décadas de confrontação e conflito, reconhecer seus direitos legítimos e políticos mútuos, esforçar-se para viver uma coexistência pacífica (…) e alcançar um acordo de paz justo, global e duradouro”, diz a introdução ao texto.

O acordo está assinado pelos dois principais artífices das negociações secretas, Shimon Peres e um alto funcionário da OLP, Mahmud Abbas, mais conhecido como Abu Mazen.

– Aperto de mãos histórico –

Os heróis são, porém, Yasser Arafat e Yitzhak Rabin.

No jardim da Casa Branca, os outrora inimigos se encontram e, sob o olhar do presidente Bill Clinton, Arafat estende a mão para Rabin. Este hesita por um momento antes de fazer o mesmo e selar um histórico aperto de mãos.

A cerimônia durou uma hora na presença de cerca de 3.000 pessoas. O espírito é de emoção e esperança.

Pela primeira vez, Israel e a OLP assinam um acordo que cria a esperança de uma paz global no Oriente Médio, após 45 anos de conflito, apesar das críticas dos opositores de ambas as partes e de alguns países árabes.

– Em ponto morto –

Em 4 de maio de 1994, Arafat e Rabin lançam o período transitório de autonomia. Em julho, o líder da OLP retorna para os Territórios palestinos depois de 27 anos no exílio e estabelece a Autoridade Palestina.

Em setembro de 1995, firma-se, em Washington, um novo acordo interino (Oslo II) que estende a autonomia na Cisjordânia.

Em 4 de novembro, porém, Yitzhak Rabin é assassinado por um judeu ortodoxo de extrema direita, com o objetivo declarado de fazer o processo de Oslo fracassar.

Já Arafat se torna o bode expiatório dos israelenses, que o responsabilizam pela Segunda Intifada deflagrada no final de setembro de 2000.

Mediadas pelos EUA, as últimas negociações diretas foram retomadas em julho de 2013, depois de três anos de congelamento. Passados nove meses, terminam sem sucesso.

Em fevereiro de 2017, o presidente Donald Trump se afasta da solução de dois Estados para depois reconhecer Jerusalém como capital israelense. Desde então, os palestinos negam a Washington qualquer papel de mediador.

Oslo deveria abrir caminho para um Estado palestino, mas a Cisjordânia, ainda ocupada, e a Faixa de Gaza, nas mãos do movimento islamista Hamas, sofre um bloqueio total por parte de Israel, enquanto as colônias israelenses ganham terreno.