Os independentistas e os legalistas da Nova Caledônia anunciaram nesta quinta-feira um acordo sobre a venda de uma usina de níquel do grupo brasileiro Vale, tema que agita há vários meses o arquipélago francês no Pacífico Sul.

O acordo foi assinado entre os governantes da província sul (legalistas), onde fica o gigantesco complexo industrial da Vale, o presidente independentista do Congresso, Roch Wamytan, e diretores de um coletivo de independentistas que eram contrários à venda a um consórcio caledônio e internacional que incluía a empresa suíça Trafigura.

“É uma solução caledônia, pacífica e benéfica para”, disse Wamytan, que coordenou as negociações sobre o tema delicado nas últimas duas semanas.

O níquel é um tema eminentemente político na Nova Caledônia e a venda da usina provocou uma explosão da violência no fim de 2020. A unidade está fechada desde 10 de dezembro, depois que foi atacada por opositores. Quase 3.000 empregos diretos e indiretos estão em perigo.

Apesar da oposição inicial dos independentistas, a multinacional suíça Trafigura integra o novo acordo e terá participação de 19%.

Uma holding de mineração pública (SPMSC), que inclui as três províncias caledônias, terá 30%, os funcionários e a população local 21% e uma empresa financeira 30%. A nova empresa recebeu o nome Goro Resources.

A outra grande novidade é a associação industrial concluída com a gigante americana Tesla.

A fabricante de automóveis, especializada em veículos elétricos, “terá um papel de assessoria técnica no desenvolvimento e melhora do processo industrial, no âmbito de um acordo de fornecimento a longo prazo para sua cadeia de produção”, anunciaram as autoridades.

Nova Caledônia, arquipélago francês de 270.000 habitantes no Pacífico Sul, colonizado em 1853, é hoje parcialmente autônoma. O território continua sendo estratégico por suas grandes reservas de níquel.