O acordo do Mercosul com a União Europeia não deve ser concluído este ano, como previa o Itamaraty. É o que acreditam os chanceleres do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, e da Argentina, Jorge Faurie. No domingo, 17, na reunião preparatória para o encontro dos presidentes do Mercosul, em Assunção, no Paraguai, Novoa defendeu que o bloco deveria “determinar prioridades reais de negociações”, destacando um possível entendimento com a China. O Uruguai assume nesta segunda-feira, 18, a presidência semestral do bloco.

“Não podemos perder as esperanças, mas sentimos que estamos próximos de presenciar uma ruptura”, disse Novoa sobre o acordo com a UE. Em tom de ultimato, ele afirmou que a União Europeia precisa demonstrar “uma vontade real de concluir essa negociação”.

“Aprendemos que o Mercosul está em condições de definir posições negociadoras e que tem vontade de realizar acordos. Não é necessário iniciar do zero. Temos em frente várias negociações que poderiam ser finalizadas em menos de dois anos, muitos países que miram comercialmente nosso bloco. Pensemos em China”, continuou o chanceler uruguaio.

Faurie concordou com o chanceler uruguaio e disse estar certo de que essa “famosa janela de oportunidade” do acordo com a União Europeia está prestes a se fechar, lembrando que as tratativas já duram mais de 20 anos. O chanceler argentino afirmou também que um possível entendimento com a China não pode ser evitado.

“Precisamos reunir os consensos que existem nesse processo para concluir o acordo, que já passa de 20 anos de negociação. A Argentina está disposta a saber o que podemos fazer, como podemos fazer, e não podemos esquecer o elefante que está dentro da sala”, declarou o chanceler argentino.

Mais otimista

O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes, foi mais otimista em relação a um possível acordo com a União Europeia ainda em 2018. “Penso que é preciso tratar esse assunto com o pessimismo da razão e otimismo da vontade”, comentou brevemente em seu discurso. Em conversa com a imprensa, após a reunião, o ministro disse que “estamos próximos de um entendimento” com a UE. “Não é desarrazoado imaginarmos uma conclusão política ainda neste semestre.”

Na reunião, Aloysio não mencionou a questão da China nenhuma vez. Depois, ao ser questionado sobre o assunto por jornalistas, respondeu que é “importante” a iniciativa do Uruguai de propor a retomada do diálogo do Mercosul com a China, mas ponderou que o tema ainda é “árido”.

Na semana passada, deputados e senadores da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e entidades do setor produtivo cobraram do ministro de Relações Exteriores esclarecimentos sobre o andamento das negociações do acordo de livre-comércio do Mercosul com a UE. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.