As ações da fabricante de armas Taurus dispararam na manhã desta terça-feira (21) com a informação da liberação de venda do fuzil T4 para civis. Os papéis da empresa gaúcha estavam em alta de 6,5% até as 11h50min, a R$ 3,64. Ontem, a empresa afirmou que o decreto que flexibiliza o armamento da população permitirá a venda do modelo semiautomático com calibre de calibre 5.56, atualmente restrito a policiais e Forças Armadas.

Esta não é a primeira vez que as ações da Taurus operam em forte alta em reflexo ao cenário político. O fenômeno já havia ocorrido durante o período eleitoral e nas semanas seguintes a posse de Jair Bolsonaro. Nos dois episódios os papéis voltaram a cair nos pregões seguintes.

Em entrevista à TV Globo, a Taurus afirmou que tem uma lista de espera com 2 mil interessados e que conseguira suprir a demanda em até três dias. Ao jornal O Estado de S. Paulo, o governo federal negou que o decreto possibilitará o armamento de fuzil por parte da população. Em nota, a Casa Civil disse que a arma “é de uso restrito e, por isso, o cidadão comum não consegue adquiri-la”. “A informação não procede”, declarou, contrariando a Taurus.

Segundo reportagem do Estado, em 2017, quando já se apresentava como candidato a presidência, Bolsonaro afirmou em uma feira de produtos de segurança que o t$ seria liberado para determinados grupos.

“Se eu chegar lá, você, cidadão de bem, vai ter num primeiro momento isto aqui em casa (e aparece segurando uma pistola). E você, produtor rural, no que depender de mim, vai ter isto aqui também (e aparece segurando um fuzil T4). Cartão de visita para invasor tem que ser cartucho grande mesmo, com excludente de ilicitude, obviamente.”

O presidente assinou o polêmico decreto no dia 7 de maio liberando o uso de armas e munição até então era de uso restrito a policiais e Forças Armadas. O documento aumentou o limite da energia cinética das armas permitidas para 1.620 joules. Segundo a Taurus, o T4 tem 1.320 joules e é descrito como “ideal para o uso militar e policial.”

O documento ainda listou 19 categorias, incluindo políticos, jornalistas e conselheiros tutelares, que não precisam comprovar a efetiva necessidade para portar armas, por presumir que exercerem atividades de risco. A medida foi contestada pelo Ministério Público Federal na Justiça Federal e por dois partidos no Supremo Tribunal Federal (STF).