Existem três formas muito objetivas de se fazer ação afirmativa nas empresas. Elas podem ser utilizadas para melhorar o desenvolvimento econômico, social e a produtividade no ambiente de trabalho. Algumas organizações já identificaram o caminho e estão viabilizando processos que colocam em prática ações focadas na inclusão do negro no mundo corporativo. 
 
A primeira forma é ação afirmativa dentro das suas próprias estruturas organizacionais. Isso significa a adoção da ação afirmativa a partir dos mecanismos que melhorem a operacionalização do negócio, como por exemplo, a colocação, no quadro funcional, dos negros, mulheres, pessoas portadoras de deficiência em cargos e posições de destaque. Isso auxilia muito as corporações a entender um pouco sobre o público para o qual muitas vezes ela direciona os seus produtos. Tenho abordado muito este ponto em meus artigos anteriores. 
 
Outra forma de fazer ação afirmativa é com relação à cadeia de fornecedores, prática muito comum nos Estados Unidos e que está sendo utilizada por algumas instituições inclusive no setor financeiro no Brasil, que há algum tempo conta com esta política. Assim, é possível a contratação de fornecedores ou de mulheres, ou de negros. No caso dos norte-americanos, também dos latinos, o que eles chamam de ação afirmativa para as comunidades de minoria. Existem, inclusive, associações fortes dessas minorias, principalmente de negros, como é o caso da National Minority Supplier Development Council (NMSDC, na sigla em inglês), que atua junto a vários empregadores sob esta abordagem. 
 
Este foco tem sido muito discutido e trazido para o Fórum de Desenvolvimento Econômico São Paulo Diverso -  que em novembro deste ano chega à sua terceira edição e que reunirá as empresas para debater a legislação como ferramenta de inclusão social -  os anos anteriores do evento tiveram como tema central a “Igualdade Racial em São Paulo: Avanços e Desafios” (2014) e “Investindo na igualdade de oportunidades para descobrir talentos” (2015). 
 
A terceira e fundamental forma de trabalhar a ação afirmativa é por meio de patrocínio a iniciativas voltadas para as questões de gênero e raça. O apoio a eventos de cultura erudita em nosso País sempre foi muito comum por parte das grandes empresas, recebendo atenção especial dos grandes patrocinadores. Mas quem administra, consome e, muitas vezes, atua nesses eventos culturais não faz parte dos grupos historicamente excluídos.
 
E, mesmo sabendo que a cultura negra é muito forte e presente no Brasil, considerando as grandes festas populares, folclore e carnaval, observamos poucos patrocínio para essa vertente. Hoje algumas empresas já começam a ter um olhar para esse mercado e fazem pesquisas e investimentos, por exemplo, em comunidades periféricas onde a maioria dos moradores, por questões históricas, são negros. Existe também um olhar diferenciado por parte de algumas companhias nas decisões sobre destinação de verbas de patrocínio para eventos que tem como proposta a inclusão social. Isso significa promover um desenvolvimento econômico muito mais saudável e mais participativo com o envolvimento de todos os setores da sociedade, principalmente aqueles que são mais discriminados. 
 
Essas são as três vertentes que temos trabalhado no São Paulo Diverso, que focou, prioritariamente, a questão do emprego e da ascensão dos negros no mercado de trabalho, mas estamos expandindo a discussão para área de publicidade e patrocínio com foco numa sociedade mais justa e participativa levando o desenvolvimento econômico para além das fronteiras da empresa auxiliando toda a coletividade.