Falhas no projeto do sistema de controle de voo do Boeing 737 Max tiveram um papel fundamental no acidente da aeronave da companhia Lion Air na costa da Indonésia, que deixou 189 mortos em 28 de outubro de 2018, declararam nesta sexta-feira (25) os investigadores indonésios.

“A concepção e certificação do MCAS”, um sistema automático que deveria impedir a queda do avião, “foram inadequados”, declarou o Comitê Nacional encarregado da segurança dos transportes, em relatório divulgado em Jacarta.

Alguns meses após este acidente, uma aeronave do mesmo modelo, da companhia Ethiopian, que fazia o trajeto entre Adis Abeba e Nairóbi, também caiu, matando 157 pessoas.

Em razão das duas tragédias, todos os aviões 737 MAX foram proibidos de voar.

Um painel internacional reunindo as Autoridades Mundiais da Aviação Civil (JATR) estimou recentemente que a Agência Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) não avaliou corretamente o MCAS porque não possuía engenheiros suficientes, nem experiência.

As autoridades consultadas apontaram “um número insuficiente de especialistas da FAA” responsáveis por avaliar o design do 737 MAX e “um conhecimento insuficiente” do sistema de estabilização MCAS, considerado o culpado pelos acidentes.

“As hipóteses no design (do MCAS) não foram examinadas, atualizadas ou validadas de forma adequada”, denunciou o JTAR, que considerou ainda que “não foram avaliadas as possíveis consequências para os pilotos”.

A FAA não poderia, portanto, avaliar corretamente as necessidades de formação dos pilotos a respeito do sistema de estabilização devido à escassez de informações transmitidas pela Boeing sobre o MCAS, explicou o painel.

O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB), já havia considerado em setembro que a Boeing e a FAA avaliaram de maneira equivocada a reação dos pilotos aos alertas recebidos em caso de falha do MCAS.

Quando ativado, o sistema inclina bruscamente o nariz do avião.

A Boeing anunciou na terça-feira a demissão de Kevin McAllister, chefe da Divisão de Aviação Comercial (BCA), sendo esta a primeira saída de um executivo da companhia desde o início da crise.

No início de outubro, a Boeing retirou o título de presidente de Dennis Muilenburg, alimentando a especulação de que ele pode deixar a empresa.

A pressão sobre a Boeing não para de aumentar. No dia 21 de outubro novos documentos lançaram mais dúvidas sobre a volta de seu principal avião, o 737 MAX, a operação, com aumento dos pedidos de mudança na direção da gigante aeronáutica americana.