As caixas pretas do avião Antonov que caiu no domingo perto de Moscou, matando os 71 ocupantes, revelaram que a causa da tragédia provavelmente foi a formação de gelo nas sondas medidoras de velocidade, indicaram nesta terça-feira os investigadores.

Os sensores Pitot, um dos elementos que permitem calcular a velocidade do aparelho, podem transmitir dados incoerentes no caso da formação de gele, e desorientam os pilotos.

Essas sondas já foram indicadas como causa do acidente do Airbus A330 da Air France Rio-Paris, que caiu no Atlântico, em 2009, com 228 pessoas a bordo.

“O acidente pode ser explicado pelos dados incorretos sobre a velocidade recebidos pelos pilotos, que aparentemente se deveu à formação de gelo nas sondas, cujo sistema de aquecimento estava desligado”, indicou em um comunicado o Comitê Intergovernamental da Aviação (MAK).

Estas conclusões de baseiam em “uma análise preliminar das informações registradas” na caixa-preta que conserva os parâmetros técnicos do voo, assim como “na análise de casos similares anteriores”, detalhou o organismo encarregado de investigar os acidentes aéreos.

O avião de linha, um birreator Antonov An-148 da companhia Saratov Airlines colocado em serviço em 2010, explodiu perto de Moscou no domingo, pouco depois de ter decolado do aeroporto de Domodedovo.

Transportava 65 passageiros e seis membros da tripulação. Todos morreram no acidente.

O avião, que se dirigia para Orsk, uma cidade dos Urais na fronteira com o Cazaquistão, explodiu no distrito de Ramenski, localizado a sudeste de Moscou.

Ele desapareceu dos radares às 14h48 locais deste domingo, quatro minutos após a decolagem, e caiu no distrito de Ramensky, a 70km de Moscou, perto do povoado de Stepanovskoye.

“O tempo estava muito nublado e a neve caía com força. Quando o avião caiu, vimos uma enorme bola de fogo surgir no local, achamos que fosse um meteorito”, contou à AFP Tatiana Yukova, que assistiu à tragédia da janela de sua casa.

Também chamados de “Tubos de Pitot”, se estas sondas ficam obstruídas por causa da formação de gelo, ou por algum objeto, podem mostrar uma velocidade incorreta aos pilotos, o faz o avião cair se ele estiver voando muito devagar, ou provocar problemas estruturais se o fizer rápido demais.

A caixa preta do An-148 revelou divergências cada vez mais imporantes entre as velocidades medidas pelos diferentes captores nos poucos minutos de voo.

Estas informações contraditórias levaram os pilotos a desativar o piloto automático a uma altura de 2.000 metros. Mas 34 segundos mais tarde, uma das sondas indicou uma velocidade nula contra mais de 540 km/h, segundo outro sensor.

O aparelho então começou a cair.

Na segunda, Saratov Airlines anunciou que suspenderia a utilização de seus An-148, um modelo relativamente recente do construtor Antonov, que voou pela primeira vez em 2004. A companhia afirmou que o An-148 acidentado, que operava desde 2010, em janeiro foi revisado minuciosamente, sem detecção de falhas.

Nesta terça-feira, centenas de homens uniformizados continuavam a vasculhar vários hectares cobertos de neve, em busca de corpos ou restos do avião. A área também era percorrida por veículos e sobrevoada por helicópteros.

As buscas, que mobilizaram mais de mil pessoas e 200 veículos, vão se estender “por volta de uma semana”, apontou o ministro de Transporte Maxime Sokolov.

São empecilhos para as buscas “a superfície muito vasta sobre a qual os detritos se espalharam, a neve e o relevo local”, destacou o ministro de Situações de Emergência, Vladimir Poutchkov, no local do acidente.