A Honda anunciou ontem que o sedã Accord será o primeiro modelo híbrido da marca a ser vendido no País, provavelmente a partir do próximo ano. Até 2023, a fabricante japonesa vai lançar no mercado brasileiro três veículos com a tecnologia movido por meio de um motor a combustão e outro elétrico.

Com o anúncio feito pelo presidente da empresa na América Latina, Issao Mizogunhi – que está no Japão para participar do Salão do Automóvel de Tóquio -, a Honda insere o Brasil em sua estratégia global de ter, ao longo da próxima década, dois terços da produção voltada a veículos eletrificados (híbridos, elétricos e a célula de combustível).

Segundo Mizogushi, os três modelos serão importados pois, em sua visão, ainda não há expectativa de vendas que justifique a produção local. “Com o volume atual de vendas ainda não dá para gastar milhões para o desenvolvimento local de versões híbrida”, diz.

No Brasil foram vendidos até agora cerca de 10 mil veículos eletrificados de várias marcas. Neste ano, até setembro, foram 5.436 unidades, ante 3.970 em igual período de 2018.

A principal concorrente da marca, a japonesa Toyota, tem visão diferente e iniciou em setembro a produção do Corolla híbrido na fábrica de Indaiatuba (SP) com o diferencial de utilizar um motor flex para gerar a energia da bateria.

O Accord que será vendido no Brasil vai ser produzido nos Estados Unidos com a nova tecnologia da Honda, anunciada nesta semana no salão japonês, chamada de e:HEV, que usa gasolina no motor a propulsão.

Apesar de dizer que “o Brasil está perdendo oportunidade enorme de investir mais no etanol”, Mizogushi afirma que a Honda não tem, no momento, intenção de desenvolver modelos híbridos flex. Hoje a Honda vende no País o Accord a gasolina por cerca de RS 200 mil. Por ter incentivos fiscais por ser menos poluente, a versão híbrida chegará mais barata.

O presidente da Honda não confirma a data de lançamento, mas a expectativa é de que seja no próximo ano, embora o modelo ainda não tenha entrado em linha de produção nos EUA.

A Honda já vendeu 2,6 milhões de veículos híbridos no mundo todo em 20 anos. No salão de Tóquio, a empresa apresentou o novo Fit, que passa a ter versão híbrida, e o primeiro compacto 100% elétrico da marca, o Honda-e, que será produzido no Japão a partir de 2020.

Estagnado

Mizogushi não vê sinais de crescimento significativo das vendas da marca no Brasil nos próximos anos e, portanto, prevê estagnação da produção local pelo menos até 2022 na casa de 120 mil unidades. A capacidade instalada da empresa é de 240 mil unidades.

O grupo que hoje detém cerca de 5% do mercado brasileiro de automóveis e comerciais leves inaugurou as operações da sua segunda fábrica no País, em Itirapina (SP), em março, após ficar fechada por três anos à espera da melhora da economia.

Como a recuperação tem sido lenta, a alternativa foi concentrar a produção de veículos na nova fábrica até 2021 e deixar a unidade de Sumaré (SP) para componentes e centro de desenvolvimento.

O executivo elogia a aprovação da reforma da Previdência, mas acha que a reforma tributária, considerada por ele mais importante, será difícil por depender também dos Estados. “Acho que será uma reforminha, apenas com a simplificação da cobrança.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.