Os brasileiros acordaram hoje com um acarajé quentinho na mesa do café da manhã. Não se trata, infelizmente, da iguaria baiana, mas do nome da 23ª fase da Operação Lava Jato, que teve como destaque o mandado de prisão temporária do publicitário (baiano, que coincidência) João Santana. O marqueteiro, que comandou as campanhas da presidente Dilma Rousseff e a campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, está na República Dominicana, trabalhando na eleição local.

A Polícia Federal descobriu que os investigados utilizavam a palavra “acarajé” para se referir a dinheiro ilegal. De acarajé em acarajé, de pixuleco em pixuleco (outro nome utilizado para propina), a economia brasileira segue agonizando em profunda recessão. A consultoria GO Associados estima um impacto negativo médio da Operação Lava Jato sobre o PIB de 3,63 pontos percentuais, por ano. É como se toda a retração da economia em 2015 e em 2016 decorresse apenas dessas investigações.

Para chegar a esse resultado, a consultoria considerou as reduções nos planos de investimentos da Petrobras e no faturamento do setor da construção. No caso da estatal, o montante de US$ 206,8 bilhões (entre entre 2014 e 2018) caiu para R$ 98,4 bilhões (entre 2015-2019). Além disso, o impacto nas empresas que atuam em obras públicas chega a 30% do seu faturamento. “No intervalo 2015-2019, haveria uma subtração de R$ 284,2 bilhões no valor bruto da produção da economia, a perda de 3,64 milhões de empregos no mercado de trabalho, a redução de R$ 44,7 bilhões na massa salarial da economia e R$ 18,7 bilhões a título de impostos deixariam de ser arrecadados”, diz o relatório da GO Associados.

A própria consultoria reconhece que há limitações metodológicas nesse estudo. Além disso, o PIB avança ou retrocede devido a diversos outros fatores, como a crise política, a gestão da economia e o cenário internacional. Porém, o mais importante nesse caso é compreender que o combate à corrupção desenfreada que existia (ainda existe) no País tem um enorme custo econômico. Para quem perdeu o emprego, provavelmente seja um custo inviável. Porém, olhando o País como uma nação que precisa sair da lama, urgentemente, vale a pena o sacrifício. Afinal de contas, o acarajé está apimentado e caro. Mas, se for para limpar o Brasil, eu pago dobrado.