Início da exploração do pré-sal, disparada do preço do petróleo, crise financeira global, megacapitalização, Operação Lava Jato e ingerência política. Todos esses fatores estão refletidos na montanha-russa que se transformou o gráfico dos últimos dez anos da ação da Petrobras.

Em relação ao pico de maio de 2008, quando o barril do petróleo beirava os US$ 130, o papel PN da petroleira acumula uma queda de 66,5%. Marca nada interessante para quem investiu na estatal durante o boom das commodities.

Mas esse recuo já foi bem maior: alcançou quase 90% em 26 de janeiro de 2016, em meio ao agravamento da crise política no País. De lá para cá, a ação preferencial saltou de R$ 4,2 para R$ 13,49.

Os dados da série histórica vão até 8 de agosto e são da provedora de informações financeiras Economatica. Os valores estão ajustados por proventos, ou seja, já embutem o que os acionistas ganharam com dividendos e juros sobre capital próprio.

A recuperação do papel nesses últimos dezoito meses está ligada, principalmente, à mudança de gestão, que agradou ao mercado. Pedro Parente, que em junho completou um ano à frente da estatal, tem comandado um processo de redução de custos por meio da venda de ativos e corte de funcionários.

“A Petrobras terá de encolher para crescer. Deve se transformar em uma empresa menor, mas mais lucrativa e bem arrumada”, comenta Pedro Galdi, analista de investimentos da corretora Magliano.

A nova política de preços para os combustíveis, que prevê reajustes até diários, também foi vista com bons olhos por trazer mais transparência e maior competitividade comercial. A medida, que começou a ser implementada em outubro de 2016, representou uma mudança de paradigma em relação à estratégia da última década.

Nas gestões anteriores – Sérgio Gabrielli, Graça Foster e Aldemir Bendine (preso na Operação Lava Jato) -, a convergência aos preços internacionais se dava no médio e longo prazos e os reajustes não tinham periodicidade definida. “Havia ingerência política com o objetivo de controlar a inflação”, afirma Galdi.

O analista prevê um resultado operacional forte no segundo trimestre, o qual será divulgado nesta quinta-feira, 10, e diz que a ação passou a ser uma recomendação quase que unânime nas carteiras das principais corretoras.

Em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, a equipe da XP destacou a expectativa de forte expansão do lucro na comparação anual e a continuidade do processo de desalavancagem. “O lucro pode mais do que dobrar. O desempenho poderá se traduzir em revisão das expectativas para cima e impulsionar as ações”, disse a analista Bruna Pezzin. A estatal também entrou no portfólio do Bradesco BBI e seus analistas dizem ter visão otimista para o papel no longo prazo.

Devido à proximidade da divulgação do balanço, a Petrobras está em período de silêncio e, por isso, não pode comentar resultados financeiros e perspectivas.