O aquecimento global afeta tanto a saúde das pessoas que a ação climática emergencial não pode esperar enquanto o planeta enfrenta a pandemia de covid-19, alertaram publicações médicas de todo o mundo nesta segunda-feira (domingo, 5, no Brasil).

“A saúde já está sendo prejudicada pelo aumento da temperatura global e pela destruição do mundo natural”, advertiu um editorial publicado por mais de 20 revistas de prestígio como Lancet, British Medical Journal e National Medical Journal of India.

O editorial, escrito pelos diretores das publicações, aponta que esse fenômeno climático é responsável por inúmeros problemas de saúde.

“Nos últimos 20 anos, a mortalidade por calor entre pessoas com mais de 65 anos aumentou mais de 50%”, afirmou. Desde a era pré-industrial, as temperaturas aumentaram cerca de 1,1 ºC.

“As altas temperaturas causaram mais desidratação e perda de funções renais, doenças dermatológicas, infecções tropicais, resultados mentais adversos, complicações de gravidez, alergias, morbidade e mortalidade cardiovascular e pulmonar”, listou.

Também apontou para o declínio da produção agrícola, “afetando os esforços para reduzir a desnutrição”.

Esses efeitos, que atingem especialmente os mais vulneráveis, como minorias, crianças e comunidades pobres, são apenas o começo, alertou.

Em 2030, o aquecimento global pode ultrapassar os níveis pré-industriais em 1,5 ºC, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU.

E isso, junto com a perda contínua da biodiversidade, “cria o risco de danos catastróficos à saúde que seriam impossíveis de reverter”, ressaltou o editorial.

“Apesar da preocupação mundial necessária com a covid-19, não podemos esperar que a pandemia passe para reduzir rapidamente as emissões”, acrescentou.

Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), disse em um comunicado que “os riscos das mudanças climáticas superam os de qualquer doença”.

“A pandemia de covid-19 vai passar, mas não há vacina para a crise climática”, lembrou. “Cada ação tomada para limitar as emissões e o aquecimento nos aproxima de um futuro mais saudável e seguro.”

O editorial observou que muitos governos dedicaram financiamento sem precedentes para combater o novo coronavírus e pediu “uma resposta emergencial semelhante” para a crise ambiental.

“Só com uma melhor qualidade do ar, haveria benefícios para a saúde que facilmente superam o custo global de redução de emissões”, indicou.