O urso de pelúcia gigante continua ali, na entrada da loja de três andares em plena 5ª Avenida, coração de Nova York. Mas o brinquedo divide espaço, agora, com um cartaz que anuncia: ?Liquidação total?. Os funcionários, acostumados a trabalhar em clima de festa, não encontram mais motivos para euforia. Nem de longe a loja lembra a encantadora FAO Schwarz, uma das mais
tradicionais revendedoras de brinquedos dos Estados Unidos. Há duas semanas, sua controladora, a FAO Inc., assumiu publicamente dívidas de US$ 238 milhões e decidiu entrar em concordata. Até mesmo os brinquedos estão sentindo a mudança de astral: a boneca Barbie, por exemplo, está sendo vendida por US$ 2,90. Com esse cenário, 70 das 253 lojas do grupo ? que inclui as bandeiras The Right Start e Zainy Brainy ? ameaçam fechar as portas.

É a derrocada de uma das empresas símbolos dos EUA. Criada há 140 anos pelo alemão Frederick Schwarz, a revendedora de brinquedos fez fama ao criar lojas interativas. Explicando: dentro de uma FAO Schwarz, as crianças podem abrir, testar e brincar com os produtos. O modelo deu tão certo que foi imortalizado no cinema, em filmes como Quero ser Grande e Esqueceram de Mim, e vem sendo copiado pelos concorrentes. E é exatamente aí que começam os problemas. Ficou muito caro manter toda essa estrutura. A filial de Nova York, por exemplo, está localizada bem em frente ao Central Park, um dos pontos
imobiliários mais caros do mundo. Mas, diferentemente da concorrência, a FAO não conseguiu estabelecer contratos de exclusividade com os fornecedores que fazem com que a criançada não tenha outra opção a não ser comprar lá. A receita para manter toda essa estrutura? Simplesmente vender os produtos por preços mais altos. ?A FAO sempre repassou seus custos para o consumidor. Deu certo até a chegada da concorrência?, diz à DINHEIRO Kurt Barnard, consultor americano especializado em varejo. Redes como Wal-Mart e Toys R Us chegaram derrubando o preço dos brinquedos. A FAO não resistiu e hoje acumula prejuízos. O presidente da empresa, Jerry Welch, garante que as dívidas estão sendo renegociadas. A intenção é que, ainda este ano, a FAO possa retirar das portas os cartazes de liquidação.