Absorventes internos de algodão orgânicos costumam ser divulgados como alternativas mais seguras, mas um estudo divulgado nesta sexta-feira (20) aponta que eles não são melhores que os absorventes normais na prevenção da síndrome do choque tóxico.

Coletores menstruais também podem ampliar o risco da doença, e devem ser fervidos entre usos, apontou o estudo da Microbiologia Aplicada e Ambiental, uma revista da Sociedade Americana de Microbiologia.

As mulheres são aconselhadas a trocar os absorventes internos com regularidade para evitar o risco de síndrome do choque tóxico, uma condição rara, mas perigosa, que se origina com uma infecção bacteriana.

Os sintomas podem incluir febre, vômito, alergias, dores musculares e falência de órgãos.

Recentemente, novas variedades de produtos para menstruação ganharam os mercados mundiais, inclusive absorventes internos feitos com algodão orgânico e coletores menstruais que podem ser lavados entre os usos.

Para compará-los, os pesquisadores testaram 11 tipos de absorventes internos e quatro coletores menstruais em laboratório, para avaliar seu efeito no crescimento de um patógeno chamado Staphylococcus aureus e também na produção de toxina de choque tóxico 1 (TSST-1).

Eles inseriram os absorventes e coletores em sacolas plásticas, injetaram um líquido e um traço de bactéria isolado de uma paciente que sofreu um choque tóxico em 2014. Os sacos passaram oito horas lacrados.

Eles descobriram que a proliferação se dá independentemente do tipo de material do absorvente. A quantidade de ar entre as fibras, na verdade, é o que parece aumentar o risco de reprodução bacteriana.

“Nossos resultados não sustentam a hipótese que sugere que absorventes feitos exclusivamente de algodão orgânico podem ser intrinsecamente mais seguros que os feitos com uma mistura de algodão e seda artificial, ou raiom”, explica Gerard Lina, professor de microbiologia na Universidade Claude Bernard, em Lyon, na França.

“Observamos que os espaço entre as fibras, que contribui para a entrada de ar na vagina, também representa o principal espaço para a proliferação de S. aureus e produção de TSST-1”.

Já os coletores menstruais pareceram permitir que ainda mais bactérias se proliferassem, provavelmente devido ao ar adicional envolvido.

Há pelo menos um caso documentado na literatura científica de uma mulher vítima de choque tóxico após usar o coletor menstrual.

“Por algum tempo, se supôs que se os absorventes fossem feitos de materiais mais naturais, o choque tóxico poderia ser evitado. A nova pesquisa recentemente publicada ilustra claramente que isso não é verdade”, disse Adi Davidov, diretor de ginecologia e cirurgia robótica no Hospital Universitário de Staten Island, em Nova York, que não esteve envolvido no estudo.

De acordo com Jill Rabin, chefe adjunto do setor de cuidado ambulatorial da Northwell Health, uma rede de serviços médicos em Nova York, as mulheres devem trocar os absorventes frequentemente.

“Se forem usar absorventes internos e coletores menstruais, certifiquem-se de ir ao médico ao primeiro sinal de febre, calafrios ou erupções cutâneas, e, é claro, retirar imediatamente o absorvente ou coletor”.