Por Nayara Figueiredo

SÃO PAULO (Reuters) – A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) reduziu em 4,2 milhões de toneladas sua projeção para a safra de soja do país em 2022, agora estimada em 135,8 milhões de toneladas e abaixo do recorde obtido na temporada anterior, em função da seca na região Sul.

Com isso, a perspectiva de exportação também diminuiu de 91,1 milhões de toneladas para 86,9 milhões, conforme levantamento divulgado nesta quinta-feira.

No ano passado, o maior produtor e exportador global da oleaginosa colheu a máxima histórica de 138,8 milhões de toneladas e embarcou 86,1 milhões ao exterior, conforme os dados.

Agora, caso as condições climáticas trazidas pelo fenômeno La Niña tragam maiores danos às lavouras, a entidade não descarta a possibilidade de mais baixas nas projeções.

“Estamos com um balanço que ainda pode ser revisado sim”, disse à Reuters o economista-chefe da associação, Daniel Furlan Amaral.

“O que nós temos percebido com a avaliação das associadas é que as condições da região Sul estão se mostrando bastante complicadas, e pode ser que a Abiove tenha que fazer um novo corte na perspectiva de produção”, acrescentou.

Para ele, os recuos na produção de soja tendem a afetar negativamente as perspectivas de exportação do grão, e não de processamento.

“Por ora é isso que está acontecendo, o que avaliamos é que o quadro de esmagamento deve se manter mesmo com a revisão da safra.”

A Abiove manteve sua previsão de esmagamento de soja, em relação ao levantamento anterior, em um recorde de 48 milhões de toneladas.

Além disso, houve um incremento de 200 mil toneladas na expectativa de exportação projetada para o farelo de soja, para 18,3 milhões de toneladas, em meio a problemas climáticos no maior fornecedor global do subproduto de soja, a Argentina, e ampla demanda no sudeste asiático. 

“Revisamos a projeção de exportação de farelo, passando os 18,1 milhões de toneladas para o mercado interno, justamente com essa perspectiva de retomada da economia no mundo e no sudeste asiático”, disse Furlan, citando ampla procura de países como Coreia do Sul, Japão, Taiwan, Tailândia e Vietnã.

Assim como no Brasil, o farelo de soja é utilizado como insumo na indústria de carnes, para alimentação principalmente de aves e suínos.

Ainda segundo o levantamento, a projeção para estoques finais de soja no Brasil em 2022 ficou praticamente estável, em 3,9 milhões de toneladas, mas abaixo dos 5,99 milhões de reservas em 2021.

(Por Nayara Figueiredo)

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