São Paulo, 20 – A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) vê com preocupação os reflexos da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal na sexta-feira, 17, sobre o consumo de ração, mas acredita que o problema detectado é pontual. O farelo, derivado da soja, é muito utilizado na alimentação de animais no Brasil. “Nós vemos com preocupação, mas temos um entendimento bastante semelhante ao expressado pelo governo brasileiro de que se trata de um problema localizado e pequeno. Foi dado muito destaque em função das informações que a mídia recebeu”, destacou o secretário geral da Abiove, Fábio Trigueirinho. “Para nós, como país e setor, isso pode afetar todo o processo que vinha em curso de aumentar a exportação com valor agregado. Abre oportunidade para questionamentos e, até esclarecer, leva um tempo.”

Trigueirinho sublinhou a eficiência do sistema de fiscalização do Ministério da Agricultura. “Acreditamos que o sistema brasileiro foi bastante testado e funciona bem. Essas fraudes são casos de polícia difíceis de controlar. Qualquer país está sujeito a isso”, disse. “O sistema é firme e sólido, o que ocorreu foram coisas localizadas. Mas pode ter um estrago grande na imagem do País como fornecedor do setor de carnes.”

A associação diz que é cedo para projetar se haverá queda no consumo de farelo de soja se a Operação Carne Fraca se traduzir em recuo nas vendas de carnes. “A gente ainda não conseguiu avaliar isso, mas não acreditamos que deva ter tanto impacto. O governo está sinalizando no sentido de que não há preocupação e que o consumidor não deve se desesperar, porque o sistema está funcionando bem”, ponderou. “É um trabalho de comunicação gradual, mas que, se bem conduzido, pode mitigar bastante os problemas. Na hora em que ficar mais claro o que houve, o consumidor pode escolher de acordo com o nível de segurança que percebe de cada empresa e não deve haver queda no consumo.”