O presidente do Conselho de Administração da BRF, Abilio Diniz, informou, nesta segunda-feira, 26, que convocará uma reunião do conselho, para a próxima segunda 5 de fevereiro, a fim de atender as demandas dos fundos de pensão Previ (dos funcionários do Banco do Brasil) e Petros (dos funcionários da Petrobras). Os fundos querem destituir o conselho e Diniz.

Em nota, Diniz afirma entender a posição dos fundos, suas necessidades de informarem seus cotistas, e compartilhar da insatisfação dos acionistas com os resultados da empresa. “Costumo dizer que não gosto de explicações, mas de resultados. E os resultados da BRF não são bons”, diz.

Depois, contudo, o Chairman do grupo BRF faz uma crítica aos fundos. “Mas discordo das ações, da forma e do momento em que estão se manifestando”, afirma.

Segundo ele, os fundos introduziram o assunto anonimamente, via imprensa, e que só depois enviaram comunicado formal à empresa. “[Isso] não obedece às melhores práticas de governança e transparência”, diz.

Resultados

Na noite de quinta-feira, 22, a BRF publicou o balanço financeiro de 2017. O grupo anunciou um prejuízo líquido de R$ 784 milhões no quarto trimestre de 2017. Em todo o ano, o prejuízo somou R$ 1,1 bilhão. O Ebtida (sigla em inglês para Lucro antes de Taxas, Juros, Depreciação e Amortização) somou R$ 499 milhões. No ano, esse valor foi de R$ 2,6 bilhões. A receita líquida do grupo chegou a R$ 8,9 bilhões no quarto trimestre e a R$ 33,5 bilhões no ano de 2017.

O Ebtida e a receita poderiam representar algo positivo para os acionistas, pois a geração de caixa pode ser encarado como um indicativo da saúde financeira do grupo. Porém, não é assim que o mercado está vendo a situação. Na visão dos analistas, a companhia possui problemas financeiros, causados em boa medida pelo crescimento da alavancagem, que estão minando a capacidade de apresentar resultados finais positivos.

No dia, o mercado financeiro não perdoou. No início do pregão de sexta, 23, as ações da empresa alimentícia chegaram a despencar mais 8% e, desde então, não se recuperaram. Na tarde desta segunda-feira, 26, as ações da BRF subiam 1,09%, a R$ 28,71, às 15h50. O valor de mercado da companhia está em R$ 23,23 bilhões, segundo a Bloomberg. Na quinta, ao final do pregão, o valor de mercado da BRF era de R$ 25 bilhões.

Leia o posicionamento de Abilio Diniz sobre a BRF

Meu papel como Chairman é, acima de tudo, defender os interesses da BRF.

Seguindo as melhores práticas de governança corporativa, estou convocando para a próxima segunda-feira reunião do Conselho de Administração atendendo à solicitação dos acionistas Petros e Previ.

Costumo dizer que não gosto de explicações, mas de resultados. E os resultados da BRF não são bons. Entendo a posição dos fundos, sua necessidade de informar seus cotistas, e compartilho da insatisfação de todos os acionistas com os resultados da empresa. Mas discordo das ações, da forma e do momento em que estão se manifestando.

Introduzir um assunto tão relevante como esse anonimamente, via imprensa, e só depois enviar comunicado formal à empresa não obedece às melhores práticas de governança e transparência. Além disso, não houve espaço para o diálogo tampouco a preocupação com os interesses da BRF e a responsabilidade de seus dirigentes.

Sobre o momento, é importante lembrar que a BRF montou nos últimos meses uma diretoria-executiva de excelência reconhecida, com longa experiência em grandes empresas. Após imersão profunda, esse time construiu um plano de ação aprovado e elogiado pelo Conselho no último dia 22 de fevereiro. Mas não foi sequer dada a chance aos acionistas de conhecerem o novo plano, que deveria ser detalhado no BRF Day nos dias 7 e 8 de março.

Todo acionista que teve assento no Conselho de Administração é responsável pelos rumos da empresa, pois todas as decisões nesses últimos quase cinco anos foram tomadas de forma unânime pelo colegiado, com raríssimas exceções.

Reitero que toda a minha ação será focada na defesa dos interesses da companhia e de seus acionistas.