Warren Buffett não é apenas o maior investidor, gerindo US$ 297 bilhões por meio de sua empresa, a Berkshire Hathaway. É um dos melho-res. A rentabilidade acumulada de suas aplicações supera 20% ao ano em média desde a década de 60. Também é um dos mais fascinantes e imitados.  

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Da luta ao lucro: Li Lu (à dir.): ex-líder dos protestos da Praça da Paz Celestial pode suceder Warren Buffett 

  

Seus movimentos no mercado são acompanhados de perto por uma legião de seguidores. Buffett é genial, é único – e vai completar 80 anos no dia 30 de agosto. Por isso, o mercado especula quem poderá subs-tituí-lo. 

 

Os candidatos naturais são os executivos da Berkshire (leia o quadro) e o nome mais recente na bolsa de apostas é o de Li Lu, um gestor de fundos chinês. Quem?

 

Lu nasceu na China há 44 anos. Seus pais passaram anos presos por discordarem politicamente de Mao Zedong. Em 1989, ele liderou os protestos estudantis que culminaram com o massacre da Praça da Paz Celestial. 

 

Ao fugir da China, ele foi estudar inglês na Universidade Colúmbia, onde foi recebido como herói e foi convidado a escrever um livro sobre o massacre. Aplicado, Lu foi o primeiro estudante não americano a graduar-se ao mesmo tempo em direito, economia e administração. 

 

Em 1993, ele foi assistir à pa-lestra de um ex-aluno. Seu nome? Warren Buffett. A palestra convenceu Lu a investir em ações. Aplicando o adiantamento que havia recebido pelo livro, em três anos, Lu tinha o suficiente para se aposentar.  

 

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No entanto, ele preferiu montar seu próprio fundo, o Himalaya Capital, que tem um patrimônio de US$ 600 milhões e acumula uma respeitável rentabilidade de 24% ao ano, investindo principalmente em ações de empresas de tecnologia e companhias chinesas. 

 

As ligações com os mecenas que apoiam as causas ligadas a direitos humanos geraram os primeiros clientes, que incluem celebridades como o músico Sting e Charles Munger – sócio de Buffett há décadas.

 

Lu sugeriu a Munger que investisse recursos da Berkshire na BYD Co., uma empresa de baterias da China que poderia lucrar muito com a expansão da frota automobiística do país. 

 

Os US$ 230 mi-lhões investidos em 2008 valem hoje US$ 1,5 bilhão. Tamanho sucesso não passou despercebido. Em uma entrevista ao The Wall Street Journal, Munger disse que Lu pode ajudar a gerir o portfólio da Berkshire. 

 

Lu não comenta o assunto. Em um e-mail enviado à DINHEIRO na terça-feira 3, ele educadamente diz estar “lisonjeado” e pede “desculpas por não ter tempo para conceder entrevistas”. É justificável. Prova da mística de Buffett, os pedidos de jornalistas do mundo todo chegaram a duas centenas.

 

Os investidores na Berkshire avaliam positivamente a indicação dele. “Buffett se restringe à sua zona de conforto, o que limita as oportunidades de ganho”, diz Fred Trigueiro, sócio da administradora de recursos Investidor Profissional, que investe na Berkshire Hathaway. 

 

“Ele é amigo de Bill Gates, mas não possui uma ação da Microsoft.” A vinda de Lu poderia suprir essa lacuna e facilitar investimentos em novos setores e no mercado asiático, que vai demandar bilhões de dólares nos próximos anos.