O consumo de gás natural no País começa a dar sinais de recuperação, após o relaxamento das medidas de isolamento social adotadas para combater o novo coronavírus, e cresceu 0,61% em setembro, na comparação com agosto, ficando em 52,1 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d). Contudo, em relação a setembro de 2019, os volumes ainda são 29,5% menores, informou a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás).

Em base de comparação anual, o segmento que apresentou a maior queda foi o de geração de energia elétrica, com baixa de 55,1%. Em seguida vem a indústria automotiva, com redução de 25,6%. No segmento comercial a queda foi de 21,3% e na cogeração foi observada uma baixa de 13,8%. Por outro lado, o setor de matéria-prima apresentou uma elevação de 29,1%.

Na comparação com agosto, houve crescimento em cinco segmentos, entre eles a cogeração aumentou 18,9%, comercial teve elevação de 17,5%, matéria-prima apresentou alta de 13,3%, automotivo avançou 0,82% e o setor industrial expandiu-se 0,46%. Já no residencial houve baixa de 2,1% e na geração elétrica, de 3,2%.

Segundo Marcelo Mendonça, diretor de Estratégia e Mercado da Abegás, a entidade tem expectativa de que os volumes de gás voltem a apresentar crescimento a partir do ano que vem, acompanhando o crescimento econômico do País. Ele, no entanto, destacou que o crescimento será desigual entre as diferentes classes de consumidores de gás natural, com alguns demorando um pouco mais para se recuperar. “Realmente, no pós-pandemia,com uma vacinação em massa, vamos passar para uma fase de recuperação econômica, e o gás natural vai ter papel importantíssimo”, comentou.

Térmicas

Mendonça também comentou que enxerga um papel importante para o gás no setor de geração de energia elétrica, para ajudar no período de recuperação dos reservatórios de hidrelétricas, que hoje encontram-se em níveis críticos.

Na visão do diretor de Estratégia e Mercado da Abegás, é preciso discutir o modelo de geração do País e orientar novos leilões destinados à geração termelétrica. “Teria que promover leilões de térmicas, e elas deveriam ser contratadas em um modelo firme e propiciaria desenvolvimento”, disse.

No início da noite de ontem, o Ministério de Minas e Energia informou que estão previstos dois leilões de energia existente (A-4 e A-5) em 2021, voltado para contratação de usinas que já estão em funcionamento, notadamente térmicas que poderia passar por uma modernização e passar a consumir gás.

O ministério anunciou duas alterações nas diretrizes do leilão. Será retirado o limite de restrição de inflexibilidade para todas as fontes termelétricas e será reaberto o prazo para cadastro para habilitação técnica de empreendimentos. As portarias com as novas diretrizes serão publicadas em dezembro. Além disso, o MME também declarou que também planeja realizar leilões para contratação de energia nova.