O querosene de aviação (QAV) continua sendo o item de maior peso na aviação comercial do País. Segundo a publicação Panorama 2020, da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), apesar da queda de 47% do consumo de QAV no ano passado, o preço médio na bomba foi quase 27% mais caro do que nos Estados Unidos, mercado de referência global. Considerando o preço médio na refinaria, a diferença é de 31,1%.

Conforme a publicação, divulgada nesta quinta-feira, em 2020 combustíveis e lubrificantes representaram a maior fatia dos custos das aéreas (21%), seguidos de despesas operacionais (20%) e seguros, arrendamentos e manutenção de aeronaves (18%).

O presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, aponta que o preço do QAV caiu no ano passado, diante da queda do consumo global ocasionada pela pandemia. Por outro lado, o dólar registrou forte alta e, por se tratar de uma commodity, o combustível continuou sendo o grande vilão de custos do setor.

“Praticamente paramos de voar em 2020, mas continuamos com o preço do QAV no Brasil cerca de 30% acima do mercado norte-americano”, afirma o dirigente ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Ele lembra que o ICMS sobre o QAV – tributação sem similaridade no mundo – encarece a aviação brasileira, principalmente a doméstica: muitas vezes, passagens aéreas para destinos nacionais acabam sendo mais caras do que bilhetes internacionais.

“O tíquete médio do bilhete aéreo no Brasil caiu pela metade desde 2004, porém, poderíamos avançar mais nessa agenda se não houvesse tamanha distorção entre os custos brasileiros e os internacionais”, pondera.

Conforme o estudo da Abear, em 2020 o impacto final dos tributos foi de aproximadamente 26% do preço do QAV na bomba.

Apesar dos obstáculos, Sanovicz afirma que as companhias aéreas estão saindo da pandemia mais enxutas, porém preparadas. “Este período foi duríssimo. Não há histórico de nada semelhante na aviação desde 1945, pós-guerra, mas estamos atravessando”, observa o dirigente.

Ele relata que em setembro de 2021, a malha doméstica já superou 70% do pré-pandemia em várias regiões do Brasil. “Entendemos que na virada do ano devemos ter 100% da malha no ar, em alguns lugares a oferta deve ser ainda maior”, observa.

Segundo o dirigente, o grande desafio continuará sendo a malha internacional. “A retomada plena dos voos internacionais não depende das nossas ações, mas sim da abertura de vários destinos para o passageiro brasileiro.”