Foi com cursos e palestras sobre aplicações financeiras que nasceu a XP Investimentos, quase duas décadas atrás. “Educação sempre foi o nosso DNA”, afirmou o fundador e CEO da XP Inc. Guilherme Benchimol, ao lançar, na segunda-feira (22) a Xpeed, escola de negócios que a partir de agora passa a funcionar dentro da maior plataforma para investidores do País. “Há 20 anos, era difícil convencer uma pessoa a assistir a uma aula sobre investimentos. Agora, o cenário de juros baixos faz com que a educação volte a ser um pilar importante para a XP”, disse. Ele participará da área dedicada à formação de empreendedores, em cursos de MBA e educação executiva. “Decidimos compartilhar com os brasileiros tudo aquilo que aprendemos ao longo da nossa jornada. Não tenho dúvidas que é por meio da educação que iremos transformar o País para melhor.”

A coordenação dos cursos está a cargo de Izabella Mattar, psicóloga de formação que trabalhou na Fundação Estudar, iniciativa para a educação criada pelo megaempresário Jorge Paulo Lemann, e foi cofundadora da RenovaBR, escola voltada para a formação de lideranças políticas. Como CEO da Xpeed, ela tem como meta impactar milhões de pessoas, começando pela educação financeira básica. “Nos últimos anos, houve um aumento significativo de interesse por temas relacionados a finanças e empreendedorismo. Buscamos os melhores cases globais de educação para trazer ao País o que há de melhor em ferramentas e inovação de ensino a distância”, afirma. “Oito em cada dez brasileiros ainda colocam dinheiro na poupança e mesmo quem investe quer entender melhor as opções disponíveis, os riscos envolvidos e como diversificar a carteira”. Cerca de 30 cursos on-line estarão no site da Xpeed a preços entre R$ 9,90 e R$ 17 mil.Segundo Izabella, eles foram pensados para atender a todos os públicos, incluindo quem tem interesse em trabalhar como trader. Em agosto, a Xpeed Pro oferecefrá cursos em parceria com o Ibmec Digital.

TABU Se o Brasil vai mal nas avaliações internacionais sobre educação em geral, não é diferente no que se refere ao conhecimento sobre finanças. Em 2015, o País ficou em último lugar entre os entre os 15 que participaram do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). Em 2018, quando participaram 20 países, o Brasil ficou em 17º em educação financeira, à frente apenas de Peru, Geórgia e Indonésia. Segundo Izabella, uma das razões para esse fraquíssimo desempenho é a falta de acesso à informação sobre finanças, investimentos e economia de um modo geral. “Falar sobre dinheiro ainda é um tabu no Brasil”, afirma a executiva. Para Benchimol, a falta de iniciativas para capacitar o brasileiro a investir é algo que interessa aos bancos. Na semana passada, o CEO da XP reagiu publicamente a uma campanha do Itaú que, segundo ele, “ataca o comissionamento dos assessores de produtos financeiros, como se ganhar dinheiro com o trabalho fosse errado”. Ao lançar a XPEED, ele já havia declarado: “Banco não é o melhor lugar para fazer investimento”.