A voz de um robô não parece mais uma voz de robô. Ela parece humana e começa a gerar controvérsias no mercado de audiobooks — pelo menos no mercado de audiobooks americano, o mais anabolizado no mundo, na frente da China. Empresas como a startup Speechki, de São Francisco, oferecem mais de 300 vozes sintéticas para o setor, e em 77 línguas e dialetos. Locutores profissionais, que estudam personagens e dão tom de interpretação em suas narrações, não gostaram da possível tomada futura de mercado, que nos EUA representa 131 milhões de consumidores e renda de US$ 1,5 bilhão em 2021. No Brasil, o número de vendas de audiobooks não é claro, mas existem algumas bancas como a Ubook e Tocalivros, e estima-se que os usuários dessa modalidade estejam entre 25 e 35 anos e que ouvem pelo celular. Editoras americanas até anunciam que só têm livros narrados por humanos. É um investimento caro e empresas como o Google estão oferecendo aplicativos gratuitos para obras de baixo custo ­— um de 60 mil palavras pode custar de US$ 1,5 mil a US$ 2 mil e um ano para recuperar o investimento, se cair nas graças de entrar no ranking da Amazon.

Infográfico: Denis Cardoso